domingo, 24 de agosto de 2014

A UM AMIGO


Houve um tempo
Em que a praia era nossa -
A vida nos sorria e o vento
Secava a água em nossas costas

Houve um tempo
Não muito longe,
Em que os sorrisos se esbarravam,
E as palavras tinham sabor de vida

Houve um tempo
Em que nem chovia -
Os pés corriam, afundados na areia
E as ondas eram risos desafios

Houve um tempo
Dos sonhos d'um destino
Que reluzindo ao longe
Brilhavam nos olhos do menino

(Taciana Valença)

TODO O SENTIDO


Morre-se então
Na fúnebre beleza
De não mais sorrir
A maquiagem cedeu
Ao orvalho do tempo
Falecido colorido
De vã vigência
Curta abrangência
Porém amplo sentido de ser
De ter sido,
Somado, subtraído -
Tempo vivido, que jaz
Abusado, cansado, espremido -
E agora esse tudo, 
Faz todo sentido

(Taciana Valença)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

NINFA


Verás,
que viverei o tempo da tua vida
Mas não me olhes tanto,
para que as ideias não se misturem,
Não me pertubes,
Quando estiver a banhar-me,
Debruçada em Régias Vitórias
Num mundo meu,
Vende os olhos a mim
ao meio dia,
Ou renda-te, ao ninfoléptico entusiasmo
D'uma inspiração divina -
Torne-me musa,
Mas com cuidado,
Posso roubar teu coração!

(Taciana Valença)


ACUIDADE


Impulsos,
rígidos conceitos...
O desconhecimento da abrangência maior
Do que ninguém nem nada define,
Anátema?
Perdem-se conceitos,
Julgam sem a devida acuidade
O mundo, o amor, os mistérios
Ah! Os mistérios que se confundem,
se fundem,
Espantam os pouco preparados
Os retos, 
Os fracos!

(Taciana Valença)

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)