sábado, 29 de junho de 2013

OLHAR

 
 
Olhos, olhares
Códigos,
enigmáticos,
Indecifráveis
Espelhos d'alma
Há os que não se permitem
Não se doam
Na retranca
Temendo emoções
Gosto dos olhos
Que tanto dizem
Mais que qualquer ação
 
(Taciana Valença)


sexta-feira, 28 de junho de 2013

APENAS UMA COISA É CERTA: ACIMA DOS FATOS, DAS COISAS E DAS PESSOAS, A VIDA SEGUE...(TACIANA VALENÇA)


PALAVRAS


Eu simplesmente cheguei ali. Por acaso. Um tanto sem rumo, com vontade de nada.   

E veio o convite, que casou com o desejo de estar e ouvir, fosse o que fosse, apenas pelo prazer de ouvir. E assim, tomada pela despretensiosidade as palavras me entraram, como recados vindo de alguém que nem mesmo conhecia até então. Sabe esses recados raros, ditos numa mesa, numa conversa aberta¿ Percebi então o quanto precisamos ouvir as pessoas, o quanto palavras de pessoas que nem mesmo conhecemos podem nos fazer pensar. E são tantas as palavras que deixamos passar sem darmos atenção. Mas naquele dia eu estava disposta a ouvir. Isso fez a diferença.

Quando estamos dispostos a ouvir as palavras fazem sentido, ensinam ou simplesmente amenizam nossas dores, pois há uma troca de vivências, de valores, que de certa forma reconforta.

Eu sei que a vida anda corrida, que mal temos tempo para pensar, mas é preciso ter um tempo para ouvir as pessoas, para refletirmos. Às vezes apenas uma frase nos faz repensar tantas coisas, tantos valores. Mas se não estivermos abertos, estivermos sempre tão presos às nossas incertas incertezas, corremos o risco de perder oportunidades raras de aprendizado. As pessoas estão no mundo também para compartilharem experiências, mundos e vidas diferentes que juntos engrandecem, ensinam.

Abrir o coração e os ouvidos, um grande conselho.

 

(Taciana Valença) 

 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

 
Repentinamente precipitam-se 
Invadem inescrupulosamente
Escorrendo pelo meu corpo
Por entre as vestes
Procuram segredos
Que casmurros se escondem
Sob os desvelos d'alma
Inábeis então, deslizam
Caindo frustradas
Numa qualquer seca folha
Cujos viços se perderam
E mortas deixam-se ficar
Impassíveis e inundadas
Não há segredos....
 
(Taciana Valença)
 


quinta-feira, 20 de junho de 2013

RAREFEITO

 
Rarefeito,
Raro efeito.
Pontas dos dedos
Teu dorso
Escasso ar
Em meu peito
 
(Taciana Valença)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

IMUNE

 
Injetas
Gorjetas de vida,
Sugando
Na mesma seringa
Regurgito pois,
O gosto acre
Do que não mais sacia
Do que não se plena
Ásperos costumes
Aos quais
Seguirei imune
 
(Taciana Valença)
 
 


Liberdade!


Pesos, que oprimem
Pesados ventos,
Num sem tempo de fuga
Olhar ao sol...
Corro tempo
Ladeira abaixo
Céu adentro
Olhar infinito
Agora sim,
Mundo contemplo!
 
(Taciana Valença)
 


Festival Rio Mar de Literatura, junho / 2013, interpretando uma poesia minha: "Eu preciso de Silêncio".


terça-feira, 18 de junho de 2013

 
 
Sem pena,
Sem penas,
Pressa Gaivota
Pouco importa
Nasço Viva,
Vivo morta
Palmas seguram-me,
As mesmas,
Que me abrem portas
 
(Taciana Valença)

domingo, 16 de junho de 2013

CRIANÇAS DO MUNDO

Duas fragilidades me perturbam a alma: idosos e crianças.
Não tem jeito, eles têm todo o meu respeito.
De vez em quando pego um livro que tenho de retratos de crianças do êxodo (do artista Sebastião Salgado). Incansavelmente já analisei as expressões de diversas carinhas.
São frágeis criaturas, emocionalmente vulneráveis. Não compreendem as guerras e vivem no meio delas, assustadas, sem saber o motivo pelo qual são atacadas, expulsas de suas casas. Inocentes num mundo que ao meu ver é um mundo doente.
Expressões inseguras de quem não vislumbra nenhum momento de felicidade, quanto mais um destino e um futuro dignos.
Em cada olhar a tristeza e o sofrimento.
Não importa de onde são... do Zaire, Hong Kong, Sudão, centro de São Paulo, Sertão...?
Os olhares machucam qualquer coração.
Roupas achadas até em lixão, curtas rasgadas, imundas, apertadas....
Olhares opacos, sem o brilho da esperança... Que será meu Deus, dessas crianças?
Quando penso nos cuidados que temos com nossos filhos, penso nelas, naquelas crianças sem destino...
Uma foto próxima a um muro marcado por balas... e a tristeza de uma criança que ao mundo se cala...
Crianças refugiadas, feridas friamente. O corpo ferido poderá ter cura, mas a alma jamais esquecerá tamanha tortura.
Abandonadas às vezes sem nem saber dos pais. Um sorriso em seus lábios seria pedir demais.
É uma realidade terrível que daria um texto medonho, por isso deixo apenas esse registro desses olhares tão tristonhos.

SOB AS COBERTAS

 
 
Exausta deito meus sonhos
Ali sob os lençóis
Onde não há olhos
Lá fora pétalas
Jogadas, já sem cheiro, sem viço
Pelo chão e sobre a mesa
...
Como o copo, vazio
D'espuma apagada
Confidenciando com a garrafa
Os motivos do meu silêncio
Que agora já não importa
Resquícios de incenso
Um lugar só meu
Esse meu tempo

(Taciana Valença)

O QUE SE SEMEIA...


 Sem querer a descobri
Nascida num canto
Parecendo acanhada
Como quem pede licença
...
Para nascer, poder estar

Estava lá
Discreta,
Como se semeada sem querer
Nascida de semente jogada
Assim, do nada

Mas estava lá
E fora assim descoberta
Nesse mundo de pressa
Num momento de se colher
O que em si se encolhe
Por medo de viver

(Taciana Valença)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Águas tuas

 

 

Ah!
Língua que meu rio borra
Precipita-se
Esborra
Refazendo meu leito
Um tanto estreito
Precipitações tantas
Águas q’invadem meu peito
(Taciana Valença)
 
 
 
 

.


sábado, 1 de junho de 2013

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)