sábado, 22 de agosto de 2020

PEDAÇOS

 

Pedaços
que de mim se soltam,
remendo.

Quem sabe seja manha,
quem sabe seja dengo?

Roer as unhas
é melhor que roer a alma,

que em breve amansa,
que em breve se acalma.

Alma sem trato é trapo,
cantador sem viola,
criador sem criatura.

Asa-Branca só é vista
quando voa na felicidade de ser.
E tem horas que só quero ficar...

Mas ela sempre vem,
como disse Gonzagão,
volta ao ronco do trovão.

Volta num impulso de alegria,
volta num ímpeto de paixão,
a sonhar rasante pelo sertão.

Então eu me remendo,
feito artista sem chão,
num choroso remendo de emoção.

Taciana Valença

Arte: André Soares Monteiro

domingo, 9 de agosto de 2020

UMA LÁGRIMA, UM BRINDE.

 

Às vezes sinto vontade de chorar.
Sim, uma enorme vontade de chorar.
Desabar num canto qualquer,
desses cantos que a mulher nem acha,
por ter que ser firme, ter que ser forte
e não gozar a manha de ser, apenas ser
de vez em quando, um tanto fraca.

Sim, às vezes eu tenho vontade de chorar,
desabar debaixo de um travesseiro,
e caso bebesse, sair à procura de um bar.
Um bar somente, sem gente,
só o copo, a bebida e um guardanapo.
Me faria de trapo, amanheceria na boemia
e, quem sabe, escreveria uma poesia.

Um poema cheio de vazios e dúvidas,
dedicado a mim mesma; sim, por que não?
Quantos poemas dediquei a mim?
Afogaria lágrimas num copo de cerveja
(ah se eu bebesse!),
espantaria a tristeza num poema molhado,
de amor, compaixão e repúdio a esse novo mundo.

(Taciana Valença)

Cândido Portinari - Mulher Chorando

RUAS DE BARRO

 Das ruas de barro, de casas tão minhas,

guardei pedaços, visões, vizinhos.

Um estender de braço, um não sei quanto de espaço,

que de tão grande cabe num abraço.


(Taciana Valença)




ESPELHO DA TERRA (TACIANA VALENÇA / SIDNEY RAMOS)

 Espelho da Terra


É uma guerra
dentro da gente.
Nossa fronteira
a pele impede,
não posso tocar esse espelho.

Catando reflexos
entre os estilhaços,
compondo imagens
em dias nefastos.

Cá estamos, distante do que somos.
Um sono sem sonho,
uma placa na rua
apagando o seu destino.

Tempo frio,
de almas acesas,
perfume e poesia.

O mundo que
a gente espera,
a pele da terra
que pode tocar.


TACIANA VALENÇA / SIDNEY RAMOS

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)