sábado, 26 de setembro de 2020

Vivam!

 


Não tenho mais tanto tempo assim.
Não tenho mais a força dos vinte anos.
Algumas décadas nos separam
e as músicas que eu escutava
não tocam seus corações,
porque fui eu quem as vivi.
Mas seus dias me emocionam,
ao apontarem o horizonte
e perceberem um caminho,
acima e além de tudo!
E o que posso dizer,
senão que vivam!?
Cada emoção, cada descoberta.
E que as decisões sejam feitas
com responsabilidade,
mas com a responsabilidade maior
de fazerem o que os tornam felizes!
A juventude é algo incrível!
Que não lhes escape um dia sequer!
Praia do Paiva

ACREDITE



E acredite,
eu não lembraria de nada,
não tivesse marcado o coração.

Mesmo assim,
tendo exagerado nos goles das taças,
prendendo a cereja entre os dentes,
saboreando a bebida...

O doce, o momento.
Sendo risos
ao toque do vento.

Acredite,
eu não lembraria de nada,
não fossem teus
esses meus pensamentos.

(Taciana Valença) 

RENASCER



Renasço rubra
Na primavera do meu tempo
Orvalhada de mistério
Em sombras de contentamento
(Taciana Valença)

Um corpo, apenas

 Um corpo apenas,

solto na madrugada,
vagando em pensamentos...

Copo na mão, água sem solução.
Aos poucos um som,
invadindo a sala.

Primeiro tão longe,
até tocar a alma.

Notas que chamavam,
choravam, falavam...

Quem seria o dono das notas tristes
na madrugada fria?

Tantas janelas...
E uma tristeza ímpar.

Notas respingavam em meu copo,
tão sutis e tão profundas...

Da janela apenas o som,
e as folhas das árvores,
numa cadente melancolia.

Uma sombra, entre a cortina,
revelou-se,
na lentidão de movimentos.

Quase parado.
Dorso sombreado,
marcas na madrugada.

Já não estava só.
Eram mundos de tristeza.
(Taciana Valença)

AVESSO


 

BUSCAR PELAS MÃOS


 Buscar pelas mãos

Às vezes dá vontade de retornar.
Correr a estrada de volta,
ver o barro levantar.
Chegar quase sem ar
no ponto onde ficou.
Saber por que não veio
colher as pitangas do pé,
correr com o vento no rosto,
rir das coisas que a gente quer.
É, às vezes dá vontade de retornar,
pegar nas suas mãos
e vermos as paisagens que perdemos
no tempo que se partiu
antes mesmo de chegar.
Taciana Valença

VENTO


 

EXTREMIDADES

 

O PONTO-CHAVE

 

sábado, 5 de setembro de 2020



Era peça,
brinquedo de poeta,
num canto desencanto,
tão vasto quanto o mar.
O almar entre soluços
num argumento qualquer,
morrendo entre as flores
que se morrem em protesto.
Entra no coração de Deus
a lembrar que é setembro,
e que não se deve morrer,
não assim, nessa deselegância.
Era tão belo o dia,
entre ninhos e carinhos.
Morrer por que, por quem?
Morrer de quem?
Se era a dor do dia triste,
mas era tão lindo, tão lindo,
morrer entre as árvores
e o imenso azul do céu!
Dói a ferida que se abre,
fel que escorre, tão nobre!
E o alívio vem do céu
vestindo calda de mel.
Taciana Valença
Foto: Taciana Valença
Parque da Jaqueira - Recife/PE

Teaser Tesão Literário. Apresentação: Sidney Nicéas

TESÃO LITERÁRIO COM SIDNEY NICÉAS

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)