sábado, 5 de abril de 2014

O riso do juízo


 

 
O sorriso sempre fora assim, contido.
Gargalhadas, poucas,
Sempre tão comedidas;
Um rabo de olho pela vida
Desconfiada, na defensiva.
Esperando sempre por alguma coisa.
Que coisa essa que não sacia?
Felicidade acanhada,
Vida assustada, na retranca.
Moça que não se lança,
Mulher que a si não alcança.
Um pé na valsa, outro no juízo.
Se a si coubesse,
Nem mesmo teria nascido.
 
(Taciana Valença)

INTIMIDADA


E eu que sempre me intimidei por tão pouco. Hoje me pergunto por onde anda o respeito das pessoas. Eu que  sou incapaz de deixar alguém falando sozinho, de sair no meio de uma aula, de colocar meu carro numa vaga exclusiva, mesmo que seja a última, de não dar um bom dia a seja quem for, de me aproveitar de um cargo para tirar proveito, de parecer mais do que realmente sou, de não me penalizar com a estupidez alheia, de não me indignar com a frieza do mundo...

Eu que sempre me intimidei por tão pouco, hoje estou entregue a esse mundo de loucos.

 

(Taciana Valença)


 Pintura: Romero Pontes


EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)