sábado, 30 de novembro de 2013

O POETA


Da varanda avistei o poeta
Baforadas antecipam-se à  imagem,
Tragando o que no peito aperta
Pode-se ver o amor
Escorregando entre os dedos  trêmulos
Tenta segurar a silhueta,
Essa que guarda a sete chaves
Em versos e detalhes...
Da varanda avistei o poeta
Uma poesia
A cada cigarro que entre os dedos morria...
 
(Taciana Valença)
 
 
 
MEDOS 
Já não tenho medo do asfalto quente
Ou do transeunte de olhar descontente
Muito menos do remédio ruim
Que nem mesmo tão amargo era
Como no dito Rei de Roma
Já não tenho medo do escuro
Antes o que não vejo, pois que não decepciona
Já não tenho medo do que me falam pelas costas
Não merecendo nem um olhar de soslaio
Com as mãos apenas esfrego, como quem retira o pó
Pó preto e nojento da hipocrisia humana
Já não tenho medo de fantasmas
A bulir com a imaginação
Se há o que temer, temo aos vivo,
Ou temeria se antes fosse
Zumbis ignorantes e deveras distraídos
Seguindo a mesma direção, atraídos por um cão
O cão da Ilusão...
Não tenho medo mais do abismo
Do destino impreciso
Daquele onde andei pelas beiradas
Nas noites mal iluminadas,
A pensar nos confins, nos fins e desafins
Pois o o abismo
Onde a vida dia desses se perdeu
Esse abismo sou eu!
 
(Taciana Valença)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Que escorra o que de ti em mim está impregnado. (Taciana Valença) Foto: Leo Azevedo


Dispo-me de ti como quem lava a alma
Esfregando num propósito único,
Escorrer-te ralo abaixo,
Nada restando a propugnar,
Afogando os versos, resta-nos as prosas
Mareadas, às margens d'uma lírica paisagem
Que não se adentra, nem se cumpre
Nessa  retida eclosão
Escorro-te de mim,
Sendo corpo, apenas,
Sem dramas, sem fim...
 
(Taciana Valença)

domingo, 24 de novembro de 2013


 
É preciso envolver-se
Deleitar-se
Derramar-se...
Cobrir o corpo com prazer
Prazer de viver,
Lençóis de ternura...
Olhar o céu, sentir o vento
Cumprir a nudez,
Na essência de ser
Na leveza do sentir,
E do estar,
Comovendo-se e valorizando
o que verdadeiramente nos preenche.
 
(Taciana Valença)
 


terça-feira, 19 de novembro de 2013

SOU DE NOVEMBRO



 Sou de novembro,
Mês intenso,
Infundindo sentimentos,
Em miscelânea que escorre......
Explodindo onde há poros,
Pois não há janeiros para tantos destemperos,
Nem carnavais tão tribais quanto a alma que se desnuda,
Deixando-se escorrer púrpura, quente...
Não havendo marços mulher que defina o que quer
Ou mesmo abris, abrindo portas em descaminhos,
Por que novembro ferve com sabor forte de conhaque,
Que nem as forças mães de maio explicam
Por que sou Novembro, intensamente novembro
Pulando fogueiras juninas e julhos despedaçados,
A gosto de um deus em efêmeros setembros,
Prendo fôlego d'um outubro escasso,
Respirando enfim, novembro,
Eflorescência do meu ser, o ar em mim
Para um dezembro questionável
E novo janeiro
d'um ano inteiro!

(Taciana Valença)
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segunda-feira, 18 de novembro de 2013


A mão que vai à boca,
Já não mareja os olhos,
Entre tantos iguais, indigna-se,
Prisioneiros de si mesmos ou libertos
Em cárceres privados, 
Num rumo sem mundo,
Humilhados
Não, não há rostos
Nem mesmo memórias...
Dopados, vivem  suas dores
Enquanto  melancólica melodia
É  música de fundo
D'uma triste história.

(Taciana Valença)


terça-feira, 12 de novembro de 2013


Existe alguém muito grande em meu ser
Que pode tudo, que tudo vê
Que tudo perdoa, tudo sente
Há uma força que aparece
Quando um desespero tenta enlouquecer
Uma busca d'um equilíbrio,
Que sei não partir apenas de mim
Pois há um mundo que engulo
A cada segundo que tenho a certeza
de tê-lo em mim....

(Taciana Valença)

Os tolos sabem sempre tudo à respeito de todos, só não aprenderam sobre o quanto são tolos por não saberem o mínimo que deveriam saber sobre si mesmos. (Taciana Valença)


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Taciana Valença - EU PRECISO DE SILÊNCIO

http://www.youtube.com/v/GRiJwMH9dOI?autohide=1&version=3&autoplay=1&autohide=1&attribution_tag=AEkmQTV7lbPMEii9gtiVTA&showinfo=1&feature=share

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A POESIA VIVE NO QUE REALMENTE LAVA A ALMA (TACIANA VALENÇA)



SE EMOÇÃO, SEREI POESIA
SE PAIXÃO, SEREI POESIA
SE FINJO, ENCABULO, SEREI POESIA
SE MELO-ME DE MELODIA, SEREI POESIA
SE LAMBUZO-ME DE PUREZA, SEREI POESIA
SE MERGULHO NA NATUREZA, SEREI POESIA
E SE BANHO-ME DE ALEGRIA,
SEREI SÓ POESIA...

(TACIANA VALENÇA)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Eu, por mim...



Não me conhecerás, nem mesmo em mil anos,
Resguardo sombras de mim que nem mesmo eu posso entender
No entanto posso saber quem és num único olhar
E fazer do meu coração aconchego para tua alma,
Sempre bem vinda, ou mesmo ignorar tua existência
Para o resto da minha vida...
Não, não sou má, apenas talvez, bem seletiva
E isso é tão natural em mim
Talvez essas montanhas de riscos que não me arrisco,
Façam parte dessas sombras, que não permitem
Que eu seja vista por inteiro, pois há coisas que eu sei
Mas que não cabe a mais ninguém saber
Às vezes conto firmemente com meu lado criança...
(que pode até parecer inocente),
Para sorrir da hipocrisia da humanidade, 
Caso contrário excederá em mim um peso desnecessário
Sou tão intensa quanto tímida, 
Há em mim curiosidades infantis e lágrimas senis,
Quantas lucidezes senti em meio a pessoas que parecem sempre embriagadas, mesmo sem bebida...
Como num filme, apenas observo, concluo, 
E não tendo mais nada a fazer, relevo...
Pobres, espíritos pequenos, que se refastelam, 
Lambuzam-se com pequenas misérias disfarçadas de diamantes
Talvez eu seja mesmo esse mistério, 
Algo que nem mesmo decifro, mas o que importa?
Quem, em sã consciência tem a ousadia de dizer que pode decifrar algo
Numa vida que surgiu, ninguém sabe onde, quando e nem mesmo por que
Sou essa linha, contínua, com altos, baixos e sustos inevitáveis
Pesquisadora de olhares e condutas, que divertem e assustam
E nesse novelo todo fico imaginando, o que a humanidade busca,
Até onde quer chegar, nesse absolutismo cego,
Afastando o matagal da sensibilidade, 
Abrindo caminhos a um mundo de concreto,
Onde suas próprias cabeças sentirão o impacto
Rachando, rachando, rachando.....
Sem volta, assisto os erros, dos falsos acertos!

(Taciana Valença)

domingo, 3 de novembro de 2013

Vida Distraída


 
Turbilhão de vozes,
Falas e mais falas, vazias, evasivas...
Seres a contemplarem seus umbigos
Falta de liga,  vida distraída
Procuro um sentido, uma palavra
Nada,
Nada abastece, entristeço
Pelo que me entristece...
Exausta debruço-me sobre a poesia,
Esse ponto aleatório ao findar o dia
 
(Taciana Valença)


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Sou vento

 
 
Cansa-me excessivos argumentos
Repetidas falas, exagerados gestos
Vestes que a alma não veste,
O peso... a escassez da leveza
Ah! A leveza... que escorrega
E não se laça...
Sou vento e nuvens numa praça
 
(Taciana Valença)
 
 
 


EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)