quinta-feira, 30 de outubro de 2014

TEU SORRISO / YOR SMILE




E por caminhos
De assombrada solidão
Dobrei  esquinas,
Em busca de alegria,
De braços e abraços...
D’um pouco de aconchego
Mas o negro do céu,
E ausente lua,
Únicos eram-me -
Porém,
Guardei para ti,
Lugar na fila,
À espera do doce ,
Que de ti roubaria um sorriso,
Um desarme...
Talvez o mar,
A lamber os pés da rocha,
Num ir e vir em tuas canelas,
Quem sabe,
Traria o brilho aos teus olhos,
E assim,
De aberto peito
E alma nua,
Mergulhasse enfim,
No mar aberto da vida...
Que por agora, somente por agora
Pudesse contemplar teu lindo sorriso

(Taciana Valença)

And paths
Haunted loneliness
I folded corners,
In search of joy,
Arms and hugs ...
D'some warmth
But the black sky,
And absent moon,
Only were me -
However,
Stored up for you,
Place in line,
Waiting for the sweet,
What about you steal a smile,
A trip ...
Perhaps the sea,
The lick the feet of the rock,
In a come and go in your shins,
Who knows,
Would bring the shine in your eyes,
And so,
Open chest
And naked soul,
Dive anyway,
In the open sea of life ...
For now, just for now
Could contemplate your beautiful smile

(Taciana Valença)

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Enigmático / ENIGMATIC


 Havia uma cicatriz em sua mão,
Com discretos olhos,
Percebi frio e distante, 
Impassível semblante
Que não permite invasões...
Uma dose de whisky,
 Corpo pesado jogado ao sofá,
E aquele olhar,
De quem esconde tanto,
A bebida quem sabe,
Apagando por um tempo
Lembranças, 
Até mesmo da cicatriz,
Quem sabe...?
Guarda fechada,
Eterno medo de ferir-se
Sob o elmo da coragem,
Habilidosas mãos, 
Frágil coração...
E quantas cicatrizes seriam???
O que o faria assim,
D'uma assustadora fortaleza,
 E escondida fragilidade?
Moveu-se então,
Parecendo advinhar pensamentos,
Sorriu...
Como quem busca um colo,
Uma palavra,
Um sentido...

(Taciana Valença)

 There was a scar on his hand,
With discrete eyes,
I noticed cold and distant,
impassive countenance
Which prevents invasions ...
A whiskey dose,
  Heavy body thrown to the couch,
And that look,
Who hides both,
The drink maybe
Deleting for a while
memories,
Even scar,
Who knows ...?
Closed guard,
Eternal fear of injuring yourself
Under the helm of courage,
Skilled hands,
Fragile heart ...
And how many scars would be ???
What would thus
D'a daunting fortress,
  And hidden weakness?
He then moved,
Looking guess thoughts,
Smiled ...
As anyone who seeks a lap,
A word,

A sense ...

(Taciana Valença)

terça-feira, 21 de outubro de 2014

TARDE / AFTERNOON


Os olhos corriam
pelas bordas do copo...
A vida em círculos, 
Goles redondos,
Travados...
Pensamentos submersos
Vagavam em solitária tarde
D'um dia qualquer...
Que dia era mesmo?
Num instante um arrepio;
Um chamado,
Uma insistência
Olhar a incomodar
De assalto toma o sossego,
Foram-se os instantes,
A paz...
Deixa a mesa vazia
Apressados passos,
Fogem d'um imprevisto
E antes que dobre a esquina,
Algo a abate,
Como um tiro certeiro no alvo,
Ninguém está a salvo

(Taciana Valença)


The eyes darted
the edges of the glass ...
Life in circles,
Goles round,
Caught ...
submerged thoughts
Wandered lonely afternoon
D'any day ...
What day was it?
In an instant a shudder;
A call,
an insistence
Looking to bother
Assault takes the peace,
The moments are gone,
Peace ...
Leave the empty table
Hurried footsteps,
D'flee an unforeseen
And before bend the corner,
Something for slaughter,
As a direct hit on the target,
No one is safe

(Taciana Valença)





segunda-feira, 20 de outubro de 2014

POETA... / POET ...


Apenas seriam pétalas,
Ou pedras, ali, no meio do caminho,
Mas o poeta pôs os olhos,
E tudo se desdobrou, se moveu,
Virou feitiço, num rebuliço...
E diante d'imenso mar,
Os olhos contemplam as pedras,
Ou a concha, que guarda segredos,
Suas formas,
A conversa com as ondas,
O banho de espumas...
Pérola inquieta....
Ah, Poeta,
Essa alma rara,
De sensibilidade incompreensível,
Que sopra a vida
Dando um dedo de alívio,
Alívio tirado das entranhas,
Dos medos e das torturas
Bravo, amigo, bravo!
Guarda em ti tua própria droga,
Teu próprio antídoto,
Teu amuleto,
Que dorme em palavras tão tuas,
Que corre nas veias
Curando teu dia, 
Quem sabe um pensamento,
Um haicai, 
poesia ou soneto...
Ah, poeta,
Que efeito tem em ti teus próprios dias?
Como se faz a mágica da tristeza dissolver-se
Mergulhando em falsas alegrias????
Ah, poeta,
Quisera um pouco de ti
Em cada um dos meus dias!

(Taciana Valença)



Just would petals,
Or stones, there, along the way,
But the poet set eyes,
And all unfolded, moved,
Turned spell in a stir ...
And before d'immense sea,
The eyes are the stones,
Or shell, which keeps secrets,
Its forms,
The conversation with the waves,
The bubble bath ...
Restless pearl ....
Oh, Poet,
This rare soul,
Incomprehensible sensitivity,
That blows life
Giving a finger relief,
Relief taken from the bowels,
Of fears and torture
Bravo, friend, bravo!
Guard in you your own drug,
Your own antidote,
Your amulet,
Sleeping on as your words,
That runs through the veins
Healing your day,
Maybe a thought,
A haiku,
poetry or sonnet ...
Oh, poet,
What effect does to you your own day?
How is the sadness of magic dissolve
Diving in false joys ????
Oh, poet,
I wish some of you
In each of my days!

(Taciana Valença)

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)