terça-feira, 25 de julho de 2017

DE REPENTE


de repente esse vontade de nem ser,
Não estar...
Sair sem destino
Num desatino
Fugir para o nada,
Pegar carona na vida que passa
Ir lá fora, ver de perto as estrelas,
Tocar o sol e o vento,
Ver a carícia das folhas
Pousar meus sonhos nas tuas costas
Dormir, quem sabe, num abraço, simplesmente
Sem tempos ou argumentos,
Num ir-se leve,
Sem lamentos

(Taciana Valença)

ESCRÍNIO


Perambulo noite adentro,
No peito esse ermo -
Ecoando perguntas.
Driblando respostas;
Instáveis espasmos de loucuras
Sobre o peso da mala
Que de tão cheia já não carrego,
E ali, na solidão do que me coube ser
Cascavilho, mexo, vejo, revejo,
Tantos são os pesos....
E eu, que queria apenas uma mochila
E um caminho...
Tão simples
Repleto do que me preenche,
Sento-me e sinto-me....
Na tentativa de solver
O que não se dissolve,
Pássaros avisam o amanhecer -
Recolho-me, no recôndito de mim
A mala, esquecida no canto
Espera seu destino,
Olho para ela e vejo
Da vida, o escrínio



(Taciana Valença)

segunda-feira, 24 de julho de 2017

OFERENDAS (Taciana Valença)


O tempo, a vida e seus efeitos,
Raros e únicos em cada leito,
O inaceitável é dono de si,
Questionar os porquês, por que?
Se estão tão acima de nós?
Será nossa a audácia, 
Ou a vida é que é deveras audaciosa?
Nos dá e nos cobra,
Como oferendas nos pede,
Nos toma;
Parecendo arrancar pedaço do peito –
Crianças, ficamos sem entender…
Por que? Por que? Por que …?
Assim evoluímos, chegamos perto
Do imenso e incógnito Universo
A dor que a lágrima empurra,
Se faz, se refaz, 
Até que branda seca na tez
Aquieta-se, se desfaz…
Há de se ter fé,
Há de se ter calma,
Acalentar as dores da alma,
Pois no final tudo fará sentido
Na paz tão doce dum adeus,
Quando se sabe dos breves sorrisos

(Taciana Valença)

A BANDEIRA DA MINHA LIBERDADE CARREGA O MEU NOME (TACIANA VALENÇA)


domingo, 23 de julho de 2017

VERSOS EM CHAMAS (TACIANA VALENÇA)


Fixei meus olhos nas chamas,
Bailando no ar,
Desenhando qualquer coisa,
Sem significado,
Cada letra a virar cinzas,
Palavras resumidas ao nada,
Rescaldo poético,
Num teatro mudo, 
Sem aplausos - 
Um ritual apenas,
A findar um ciclo
D'um tempo,
D'um sentimento -
Espasmo de dor e alegria,
Um parto,
Onde parto sem pena -
Versos morrendo,
Se espalhando em larvas,
Expulsei assim,
Essas palavras de mim


sábado, 22 de julho de 2017

AINDA É CEDO ( por Taciana Valença)

AINDA É CEDO

Cedo ainda
Para acender as luzes;
Quero teto e chão
Mesmo que úmidos -
Comendo poeira

Deserto de areia
Escuridão sem risos
Suspiro enojado
Dessa desumanidade

Que lenta se afoga
Desesperança,
Lança que mata
Camadas de desalento

Tristezas empilhadas,
Roupas amarrotadas
Olhos de secas lágrimas
Essa covardia, que nem dorme, nem acorda

Haverá piedade?
Todos os frágeis ontens
Construindo o hoje
Esse desequilíbrio bastardo...

Algo em mim já nem é,
Nem mesmo se move
Atônita, ainda que viva
No casulo desse hoje que me intriga

(Taciana Valença)

quarta-feira, 19 de julho de 2017

TRAVO DO CRAVO (TACIANA VALENÇA)


Fosse cravo
Esse travo na boca
Amarga língua,
Raspando garganta,
Gosto de planta
Que se engole
E morre,
Sem sol,
Nem fotossíntese...
Digerir em mim essa tese,
Engolir o cravo
Apenas pra não sentir
Travar os dentes...
Tantos foram os cuidados
Como quem na boca
Uma hóstia carregava,
Veneração,
Amor, respeito
Hoje levo no peito,
Na graça, na raça,
Confesso, um tanto sem jeito
Despojada dos efeitos,
Em anunciada morte
Descansa um quê de deleito


sábado, 15 de julho de 2017

sexta-feira, 14 de julho de 2017

CORAÇÃO DE VIDRO


REVESTIR DE VIDRO O CORAÇÃO

CEGAR A ALMA

NÃO SOFRER EM VÃO


(TACIANA VALENÇA)

NO TAPA


Desoriginalizando,

Botando caos

Na minha ordem,

Desordenando tudo,

Espalhando no chão

Sem juntar pedaços,

Jogando fora

Os estilhaços

Nada mais em caixas,

Nada mais encaixa,

Virando do avesso,

Começo sem começos,

Sem apegos,

Nas vicissitudes, 

Atitudes,

O resto,

Como ouvi por aí,

Deixa rolar


(Taciana Valença)

quinta-feira, 13 de julho de 2017

## ANTEPASTO DE VIDA ##




Recolho-me
No antepasto de vida
Chama de vela
Movida pelo vento
Sangrar constante
Num sorrir de alento
Insanáveis dias,
Inquisidores e proféticos,
Livres(?), doces,
Amargos, fétidos!
Deito na coxia de mim
Evitando palco
Onde monstruosidade humana
Impera
Sem pena 
Matam e condenam
Sua própria espécie
Quem dera
Pegar carona na monção
Num desatino,
Sem destino,
Para nunca mais
Ver abrir tais cortinas
Dessas dores,
Sem dó e sem rima

(Taciana Valença)

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)