segunda-feira, 30 de maio de 2016

CICLOCIDADES 9 (RENATO NEVES / TACIANA VALENÇA)


Consinto então que sintas
As rodas sobre as pedras
O ar beijando o rosto

Consinto que gozes
A essência da vida
Nos pedais ou pedestais
No domínio do teu destino

(Taciana Valença)

Retrato: Renato Neves
Legenda: Taciana Valença

CICLOCIDADES 8 (RENATO NEVES / TACIANA VALENÇA)


Cadeados abertos
Sou d'um tempo de azul
De mar, de vida, de céu
Idos tempos de esplendor
Vindouras horas de amor

(Taciana Valença)

Retrato: Renato Neves
Legenda: Taciana Valença

CICLOCIDADES 7 (RENATO NEVES / TACIANA VALENÇA)


Amarras da vida
Pichados corações
Presos em revoltas
D'austera vida
Rubro viver instinto
Num turbilhão de riscos

(Taciana Valença)

Retrato: Renato Neves
Legenda: Taciana Valença

CICLOCIDADES 6 (RENATO NEVES / TACIANA VALENÇA)


Aroma que corta a cidade
Feito sangue nas veias
Dando vida a uma canção qualquer
À bordo vento agudo
Rio de pesca, descanso das rodas
Olhar de relance para as ruas
Cujos rios invadem
Enquanto descanso

(Taciana Valença)

RETRATO: RENATO NEVES
LEGENDA: TACIANA VALENÇA




CICLOCIDADES 5 (RENATO NEVES / TACIANA VALENÇA)


Saborear asfalto em pálpebras molhadas
abrigar o corpo da ociosidade
Pensar sob curvado dorso
Sobre dias esfalfados
Sentir o caldo de viver
Espremer sonhos em avenidas

(Taciana Valença)

RETRATO: RENATO NEVES
LEGENDA: TACIANA VALENÇA

CICLOCIDADES 4 (POR RENATO NEVES / TACIANA VALENÇA


Veloz o tempo segue
Sob o teto murmúrios das leis
D'um mundo incorrigível
Seguir em nome da liberdade
Ser e sentir
Ainda que num mundo covarde

(Taciana Valença)

RETRATO: RENATO NEVES
LEGENDA: TACIANA VALENÇA

CICLOCIDADES 3 (POR RENATO NEVES / TACIANA VALENÇA)


Aros que cortam Uchôa
Rodas cortando arestas d'um passado
Dos bondes, Maxambombas
Das saias rodadas, 
Do mundo que ficou guardado

(Taciana Valença)

Retrato: Renato Neves
Legenda: Taciana Valença

CICLOCIDADES 2 (POR RENATO NEVES / TACIANA VALENÇA)















Incansáveis ávidos olhos
Nas paradas dessa vida
Entre ruas e avenidas
Marcha constante dos passos
Paro, um instante, não passo

(Taciana Valença)

Retrato: Renato Neves
Legenda: Taciana Valença

domingo, 29 de maio de 2016

CICLOCIDADES 1 ( POR RENATO NEVES / TACIANA VALENÇA)






Encostar o peito sobre o palco do mundo

num recolhimento branco, brando...

Parar, respirar, sair do bando.


Jogar a rede no horizonte, 

pescando vida mais distraída, 


vida! 



(Taciana Valença)



Retrato: Renato Neves

Legenda: Taciana Valença

sábado, 28 de maio de 2016

CARTAS


A poesia estava nas letras, no cheiro, na emoção da espera, na foto enviada.

O selo, a cola, o correio, a imaginação da felicidade ou mesmo tristeza de quem iria receber. A surpresa, 

Pela caligrafia percebia-se o coração, o medo, a paixão.

Sentimentos...ô coisa pra dar saudade!

(Taciana Valença)

terça-feira, 24 de maio de 2016

CIGANA (ESCRITO EM 19/09/2008)


a cigana que em mim habita

fez de um antigo fetiche

a fantasia mais bonita

sonho a girar em saia rodada

descalço amor caminhando na estrada

mãos dadas sem destino

corações largados sem tino

como sonho de menino

magia crua do olhar

que de tão profundo alucina

sedução de mulher em sonhos de menina

num sensual bailar a dois

no alto de uma colina

o insinuar dos beijos

que preguiçosos chegam a ser

corpos que se largam ao chão

num mundo mágico

à espera do amanhecer


DOIS CAFÉS (escrito em 19/11/2009)



Encabulado pergunta se me lembro...

Como esquecer àqueles finais de tarde?

Às vezes eu corria olhando o relógio e quando chegava o via na calçada...

Já me olhava sorrindo porque sempre eu me atrasava.

Então era a mesma pedida: dois cafés.

E antes mesmo que eu dissesse, você lembrava:

- O dela com um "pingo de leite". - tomando a frente do que eu sempre repetia.

E era assim que nossa noite começava.

A conversa era tão boa que o tempo passava sem que percebêssemos.

Você sempre ria de tudo que eu dizia. Às vezes escondia meu jeito de menina e aí então me cutucava, lembrando ser esse jeito que adorava.

Ficava olhando você falar.

Sua cultura me impressionava, aliada ao sorriso de menino,

era a mistura que me fascinava...

Nossa, como era delicioso aquele café.

Sentia-me uma menina, mas olhava-o como mulher.

Lembra quando me puxou pelas mãos e saímos correndo pra última sessão do cinema só porque achou que o filme "valia à pena?".

Eu não esqueço nada. Nenhum café teve o mesmo sabor.

Nenhum sorriso realmente marcou...

E nós sempre perguntávamos, o que tinha ali de especial.

Hoje sei que o sabor estava em nós.

Eu sei, sei que nunca esqueceu.
E agora devo admitir:  nem eu.

terça-feira, 17 de maio de 2016

EU SINTO MUITO




Ainda que agarrada a um romantismo cafona sobre a vida e sentimentos, num mundo cada vez mais individualista, materialista, competitivo e pragmático, observo os pássaros, pondo-me deliberadamente em seus lugares. Lá de cima somos ínfimos, um mar de gente atripulada, atrapalhada, ambiciosa, sem tempo para olhar, para um bom dia, para sentir, para amar. 

Não sei bem o que está acontecendo mas percebo-me no lugar errado. Tentam roubar-me a alma... calma, essa ninguém vai me levar.  Lá de cima pássaros passeios, em disfarce busco com eles um propósito para o declínio em que vivemos, ribanceira abaixo, desenfreado. Vejo meu país roubado por urubus sem escrúpulos, condenados sem crimes e ladrões nos carregando para o fundo d'um poço sem fim. Simplesmente não entendo os aplausos que soam como fúrias sobre mim.

Procuro guardar bem guardado os sentimentos delicados  para que ao menos isso ninguém roube de mim.

(Taciana Valença)

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)