sábado, 20 de julho de 2013

GUSTAÇÃO

 
Peço pelo tempo, pelo sentir
Pela gustação,
privada pelo maçante
 Pelo riso descongestionante,
pelo pulsar d'uma alegria
Pelo cálice na noite fria
pela pitada de rapé de vida
Pela imagem colorida
Pela piscadela aliviada
Num matreiro sorriso
Pelo insistir do retrós
Desmotivado e lento
Por um momento
Um balançar de vida
Mesmo que esporro
Num nascer breve
Abismo que ressuscito,
Ou mesmo morro...
 
(Taciana Valença)
 
 
 


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sábias Fadas

 
 
Minuciosamente dedilham,
desvendando formas,
contornando suspiros
ágeis e intensas
movem-se, agarram
prendem, soltam
acenam num longo adeus
fechando-se como um coração
sentem, brindam
deslizam sobre o cálice
levando-os à boca
saciam anseios
aplaudem como sorrisos
determinadas indicam
apertam-se alheias
acariciam, causando arrepios
embrenham-se pelos desvios
alisam e afagam
abafam o grito de dor
ágeis e atentas
firmes, leves, rápidas e lentas
comandando ou comandadas?
tão soltas
tão dadas....
deslizam sob o prazer
fadas sábias do viver
 
(Taciana Valença)


domingo, 14 de julho de 2013

O QUE SE FOI

 
E as vontades se foram
junto com a ventania
arrastando tudo
´deixando sobras dos dias
nem chuva nem sol
um frio na espinha
um amargo na boca
numa noite sombria
 
(Taciana Valença)
 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

SE ME DEIXASSE FALAR


 
eu falaria sobre a chuva
se alguém desejasse escutar
da calmaria do som
como cristais,
 explodindo sobre folhas

cujo verde estremece,
de frio e êxtase,
e adormece,
num desmaio
 do não conter-se
renascendo sob o sol,
um formigamento
invadindo entranhas
d'uma alegria estranha
renascer-se
eu falaria das mãos
que juntam-se e se dispersam
das bocas, das pressas
dos braços e abraços
dos vazios espaços
do que tão junto
tornou-se vulto
do não lembrar
de esquecer-se
eu falaria tanto
quanto esse pranto
e dessa dormência
nesse amargo mover-se
se me deixasse falar...
 
(Taciana Valença)
 
 
 

sábado, 6 de julho de 2013

USUFRUTO


Ao estiar, a gotas últimas,

o vento seguirá seu rumo

O sol refletirá sobre a relva

distinguindo escolhas

Certamente,

saberei sobre os trigos

 extirparei os joios camuflados

que em feixes

queimarão esquecidos

verei curvar-se a mim o trigo
 
e seus pesados frutos

em usufruto

 
 

 

(Taciana Valença)

 

 

 

 

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)