quinta-feira, 25 de junho de 2015

ARMADILHA


Algumas coisas nos devoram. 

Silenciosamente sugam, aproveitando quando baixamos a guarda em sinal de confiança. 

É preciso estar atento, pois às vezes o que percebemos pode ser o último clarão antes da total negritude. 

(Taciana Valença)

domingo, 21 de junho de 2015

À DERIVA




Pergunta-me por onde andei -
E nem mesmo sei desses lugares  de mim,
Pés descalços, livre enfim
Servindo marafo a Exu,
Tomando vinho com pomba gira
Noites frias de balangandãs
Protegida por amuletos
Dormindo em colchões  de mistérios
Escondida em conventos
Onde trancam sentimentos,
No balançar das cadeiras dos velhos sobrados,
Ou  largada num banco de praça,
Numa frescura cheia de vazios
Um vento friiioooo....
Inquietando a costela,
Correndo a acender as velas,
Q’esquentam como um abraço...
Do céu alguém me jogou um laço
Para me debruçar sobre o mar,
Ah...meu eterno confidente,
Frio na barriga ao ver tua imensidão,
Manchado com tinta de lua
Onde um barco dorme em solidão
Perguntas por onde andei

Foi no rastro do barco sem direção

Taciana Valença

quarta-feira, 10 de junho de 2015

E POR FALAR EM FALENCIA...



Deixara ali os versos
Esquecidos sobre a mesa
Inacabados, riscados,
Esculturas decepadas
Algo que não se findou...
Dias e dias, mesa fria
Apodreceram úmidos
Junto ao resto do café na xícara
Baratas rondam, rondam, sem entender -
Café, pra quê?
Ainda mais com adoçante!
Giram tontas entre os papéis,
Amarfanhados, desprezíveis
Acanhados,
Flor suplica sua dor
O poeta não voltou,
Mesa imunda se consome
Na podridão do que lhe restou


(Taciana Valença)

And speaking of bankruptcy

Left here the verses
Forgotten on the table
Unfinished , scratched ,
severed sculptures
Something not ended ...
Days and days , cold table
rotted wet
Along the rest of the coffee in the cup
Cockroaches roam , roam , without understanding -
Coffee, for what?
Especially with sweetener !
Turn dizzy among the papers ,
Crumpled , worthless
sheepish ,
Flower begs her pain
The poet did not return,
Filthy table is consumed
The rot that had left


( Taciana Valença)

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)