domingo, 26 de maio de 2013

LONGE

 
Ao longe
Avistava-se a montanha
Parávamos
Como não quisesse chegar
Longe assim
Sempre longe
O bom era não alcançar
Estradas longas
Curvas sem chegadas
Longe sim
Muito longe
Apenas a emoção do topo
A visão d'onde não se vai
D'onde não se pode ir
E pra que ir mais
Se chegar nem mesmo interessa?
Se não há pressa
Se contemplar é o que queremos
Longe sim
Bem longe
Fácil de admirar
Tanto a imaginar
Que fique mais longe
Pois nem mesmo quero chegar
 
(Taciana Valença)
 


sábado, 25 de maio de 2013

MORTE NOSSA DE CADA DIA

 
 
E tantas vezes já morri
Flóculos de morte
Em compasso da vida
Assim morri
Tão viva e distraída
 
A dor da morte
Não pode ser tanta ainda
 
Tão mais que as mortes que vivi em vida
Esporádicas e insuportáveis dores
Mais que sofrer por mil amores
 
Alegrias são pérolas
Procuradas a cada dia
Em conchas frias
 
Tantas vezes extraviadas
Ou vindas em caixas vazias
 
Ah! Tantas vezes já morri
Renascendo como se algo
Tivesse de mim sido extirpado
 
Extorsivo por vezes
O que se paga
Pelo renascimento
 
Débito vitalício
Pra sustentar esse vício
Do purgar e sorrir
 
 
Mas pago a monta
Pra ser feliz
por estar aqui
 
(Taciana Valença)


sexta-feira, 24 de maio de 2013

A CONFIDENTE

Então eu a olho e ela parece me abraçar
Abraçar minha vida
Engolindo as janelas da minha casa
Sentada na mesa da cozinha
Posso ficar horas a encará-la
Sentindo que me questiona
Investiga-me
Chego a sentir o vento
Quando impacientemente suas folhas
Cobram-me respostas
Olho para a xícara de café
A esfriar sob os pensamentos
Enquanto ela espera
Sinto-me pequena
Imatura
Quem sabe uma farsa
Às vezes perdida
Rodeada de gente
E sozinha...
Eu, ela, o café, a cozinha...
É quando os pensamentos são únicos
Alguns um pouco viciados
Magoados
Destravo a tranca e espalho
Todos à minha frente
E ela balança
Parecendo contente
Mexo, investigo, choro
Um choro contigo
Amarro tudo então
Como uma trouxa
Um último olhar
E jogo tudo em seus galhos
Ela sente, retribui
Gargalho...

 
(Taciana Valença)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

SOU ASSIM


Nunca desejei ser mulherão, ao contrário, ser pequenininha sempre me fez bem. Parece que dá um quê de desproteção e isso faz com que queiram te proteger sempre. É muito gostoso e deixa um  mimo no ar. O ruim é quando esse ser que parece desprotegido mostra seu lado forte, bravo e destemido. Para algumas pessoas parece uma realidade desconcertante. Como lidar com esse “bicho” de duas faces? De onde veio isso tudo? Como coube?

 É, muitas vezes eu sinto que é assim. Como a pessoinha que fica de ponta de pés pra beijar na boca pode ser tão forte? Parece que isso às vezes confunde, encabula mesmo, mas é isso aí: sou boa, mansa e menininha quando quero, mas posso ser brava, má e mulherão quando me convém ou quando pedem por isso.

(Taciana Valença)

terça-feira, 21 de maio de 2013

O melhor lado

 
 
Pra mim não importa
Exatamente como as coisas são
E sim com eu as vejo
E procuro vê-las da melhor forma
Pelo melhor ângulo
Tento até o avesso
E se nem assim
Descobrir o melhor lado
Certamente
Esqueço
 
(Taciana Valença)


sábado, 18 de maio de 2013

EM TERRAS TUAS

 
 
Então passeei devagar
Madrugada adentro
Na surdina...
 
Adentrei por caminhos teus
Percebendo intimidades
Observando sutilezas
Em traços de nobreza
 
Tão familiares me eram
Tuas lembranças
Os cheiros
As nuanças...
 
E ao me opor à invasão
Voltei à margens da ilusão
Levando comigo teu cheiro
Que seguia-me ligeiro
 
Assim, como marcando terreno
Num invadir do que é pleno
Deixaste em mim tu'alma
Prisioneira dessa calma
Que me faz tua
 
(Taciana Valença)
 
 
 


quinta-feira, 16 de maio de 2013

O tempo...



O tempo é assim...
Sai riscando saudade
Amaciando almas
Refinando  vontades
Jogando com a realidade

Um mestre sóbrio
Num mundo covarde

Pois vou tirar-lhe de tempo
Ignorar-lhe a argúcia
Olhar de soslaio
Tentar uma astúcia

Quem sabe assim
Amacie esse risco
Emaranhando em rabiscos
O pragmatismo 
de seus princípios?

(Taciana Valença)



sexta-feira, 10 de maio de 2013

Haikai


Último laço
De uma solteirice
Próximo passo

(Taciana Valença)


CORPO


Sobre o corpo
Derrama-se nossa história
Desenho de vida
Arte que se fez memória
(Taciana Valença)

EM TEUS BRAÇOS


 
Descanso em ti
Os desenganos
O peso da vida
O cansaço dos sonhos
Inalcansáveis como a Lua
Que reluz ao longe
Desfilando soberana
em meu céu de abandono
 
Descanso sobre ti
Todos os meus "eus"
Que carregas incansável
Em braços amigos
Tão fortes
Tão Frágeis
Tão Teus
 
(Taciana Valença)


SILÊNCIO


 
EU PRECISO DE SILÊNCIO...
AGUARDO AINDA,  O SILÊNCIO
 
ANDA!
 
SERÁ POSSÍVEL QUE É TÃO DIFÍCIL ESCUTAR?
MAS AFINAL DE CONTAS
 QUEM SOU EU A TE FALAR?
SE TUA FALA JÁ TE BASTA
NO MUNDO DE BARULHO EXTREMO
AH! QUEM SOU EU A TE FALAR?
SE TU BEM SABES DAS TUAS RESPOSTAS
SE AS PALAVRAS DE OUTROS
 
SÃO APENAS PALAVRAS
POR SEREM VERDADES QUE NÃO VEM DE TI
E SABES DE UMA COISA?
TU PRECISAS DE SILÊNCIO
NÃO APENAS PARA OUVIR O QUE TENHO A DIZER-TE
AH QUEM SOU EU?
NEM MESMO O QUE OUTRAS TANTAS BOCAS PODEM FALAR
MAS AO MENOS PARA OUVIR A TI  MESMO
PENSAR, REFLETIR, AVALIAR....
AH ESSE BARULHO INFERNAL
COMO IDEIAS NUM BACANAL
NUMA TREMENDA BARAFUNDA....
PARA ESCONDER  VERDADES IMUNDAS
NAS QUAIS NÃO  DEVIAS ACREDITAR
OUVINDO, CORRES O RISCO
DE PERCEBER O QUÃO TUAS VERDADES
PODEM SER FALSAS
E QUANTOS MELHORES CAMINHOS
PODERIAM TE FAZER MAIS DO QUE ÉS
MAS NÃO OUVES
NEM MESMO QUERES
TUAS VERDADES TEM O DEDO EM RISTE
NÃO AGUENTAS NEM MESMO PALPITES!
VERDADES DE DISSE  ME DISSE
BARULHOS QUE ESCONDEM ATÉ MESMO A ARTE
A HUMANIDADE ESTÁ UM DESASTRE
A POESIA PRECISA DE SILÊNCIO
A MÚSICA PRECISA TOCAR
O DESENHO PRECISA DO SILÊNCIO
FALO DO SILÊNCIO QUE DEIXA A ALMA PASSAR
EXPRESSÕES PRECISAM PENETRAR
MAS O TEMPO PARECE URGIR
ESCORRENDO PELAS FALANGES DOS  DEDOS
DA TUA PRÓPRIA VIDA!
A MÚSICA QUE OUVES
NÃO TOCA A ALMA
 NÃO É ARTE, NÃO É VIDA, NÃO É NADA
POIS QUE A ARTE ,
 ASSIM COMO TODAS AS VERDADES
PRECISA DO TEMPO
UM TEMPO QUE SÓ SE VIVE
NO SILÊNCIO
(TACIANA VALENÇA)
 
 

Canção do século XVI (São inspiradoras as músicas do século XVI)

quinta-feira, 9 de maio de 2013

ENCANTO




O desencanto é como uma luz que se apaga, um caminho que se fecha, um sonho que se desfaz...

Acender outras luzes é preciso, precisamos de encanto para viver!

segunda-feira, 6 de maio de 2013

TACIANA LEMOS BLOGSPOT

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VALSA DA NOITE


Dança....
Pois que a valsa da noiteEm teus pés não há de findar-seMesmo ao sentir doloridos os pés
...
E até mesmo ao rodopiar sentir-se tonta

Dança....

Pois que valsa da noite
Ao findar-se pode ser triste
E os pés, descalços enfim
Podem parecer não existir
Pois que o par perfeito
Poderá ser ilusão
Mesmo tendo a certeza
Do perfume dele em tuas mãos....

Dança....

Pois que valsa embreaga
O frio na barriga e o riso
Podem ser tão vivos
E tão mais precisos
Do que tudo que mais precisa

(Taciana Valença)

ESCOMBROS


Acordei sob os escombros
Do meu próprio desmoronamento
Da implosão retirei os estilhaços...
Os incômodos estilhaços
Tão pequenos e tão invasivos....
...
 Antes o peso d'uma grande rocha
A estes trastes estilhaços!

(TacIana Valença)

MOMENTO

Contudo restou-me desabar no sofá
Cabelos molhados, camiseta
Um filme bobo, meio cabeça
Um resto de vinho do porto
Uma sombra de tristeza...
A saudade rondando a sala
Vinha ébria d'algum lugar....
Aproveitando-se da noite insone
Resolvida a me acompanhar....
Um rastro de luz
Vindo do corredor
O olhar perdido
Entre a alegria e a dor...
 
(TACIANA VALENÇA)