domingo, 26 de junho de 2016

DESCANSO, NÃO DESCASO



Se preciso for irei até o horizonte

Descansar esse cansaço
Das notícias mundanas,
Sujas, sacanas, desumanas


Se for preciso irei para longe

Bem longe daqui
Onde possa respirar, contemplar, sorrir


Mas não sou de entregar os pontos

Depois do horizonte
Eu volto!

(Taciana Valença)


VALIDADE DO TEMPO



Quem manda dar liberdade ao tempo?

Ele se vai dizendo que tem mais o que fazer, onde fazer mais e melhor do que você.

Ainda deixa recado falando da validade do seu tempo impressa no invólucro que te cobre.

Aí você para e pensa que não adianta resmungar, muito menos chorar as horas ditas perdidas nos dias que se esvaíram, escorrendo pelo ralo d'uma eternidade que não se completa.

É hora de ir, ainda dá tempo, mesmo que não consiga enxergar a validade é sempre hora de ir até que a vida esteja trazendo os melhores dos efeitos colaterais. 

Não dá mais para esperar.

(Taciana Valença)

quarta-feira, 22 de junho de 2016

## DONO ##


Chegou com o sol num dia de chuva. Timidamente. Intensamente. Aproveitando as frestas das janelas foi tomando conta do meu espaço. Sentou no sofá, abriu as portas, tirou o pó de cima dos móveis. Podou as flores esquecidas na correria do dia a dia. Fez o café, ouviu meus discos e, achando pouco, roubou meu travesseiro. Jogou fora minha coleção de selos, desmarcou meus livros alegando de agora em diante escrever a nossa história. Fez da prisão um paraíso, preso apenas pelo seu encanto. Se aconchegou em meu coração, folgado e leve, dono da situação. Mudou sem cerimônia o meu destino, roubou meu juízo. Trazendo felicidade, devolveu o meu sorriso.
(Taciana Valença)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

FOME DE TI


Aos poucos, bem aos poucos
Meus olhos seguiram os teus,
O por do teu sol, luz das minhas manhãs
Os pássaros que por mim passaram
Estavam tão perto de ti -
Respirei tuas flores,
Desmanchando-me em manhas
Parando contigo nas asas dos passarinhos,
Fiz ninho em teu olhar para abraçar a madrugada,
Tirei a roupa, deitei na montanha,
Esperei dias 
Que seguiam beija-flores...
Rolei grama abaixo
Cabeça encostada na parede
D'uma casa qualquer,
Pedaço de grama entre os dentes
Olhar perdido buscando teus passos,
Como doce pode ser tal abandono?
Vontade de seguir aquele caminho,
Aquele só nosso,
Sem destino,
Segui o trote dos cavalos
No descompasso do meu coração
Molhei os pés no lago de água fria
Esperei quieta
Quando tu virias
E a flor amarela
Ajeitei no meu cabelo
Desfalecida
Em fome insana
De um sorriso teu

(Taciana Valença)


quarta-feira, 15 de junho de 2016

EXTRAVAGANTE



Extravagante,
Sim, extravagante
Estranho deslimite
Mexendo com as entranhas
Penetrando olhos e alma,
Vivaz desfalecimento
Desmoronando
Num parto de vida

(Taciana Valença)

segunda-feira, 6 de junho de 2016

VIDA EM CORREDEIRA


Águas paradas...

Não gosto de águas paradas,
A não ser para agitar com braçadas
Brincadeiras e risos,

Gosto das águas que correm,
Das ondas que nos derrubam,
Das cachoeiras, corredeiras,
Dos redemoinhos
Cheios de exclamações!!!!!!

Pois vastas são minhas vestes,
Parar me confunde,
Atordoa, desabilita a viver,

Sou de escarlates recatos
Firmeza de caráter e movimento,
Desses que mexem o caldo da vida, 
Que dá sabor, cheiro e cor

Admiro gente, gente de verdade
Que aje como tal, 
Agarra-se à vida
Por ser esta, sua única saída

Choro por bobagem
Mas aguento firme o tranco
Pois não há reserva no banco

Gosto de inteligência
Essa que tem argumento, coerência
Entre o vulgar e a hipocrisia
Fico com o primeiro,
Gosto do autêntico

Não me admiro com nada
Povo que se veste de papel
Exibindo anel e com alma na lama
De desprezíveis falácias
Sem alegrias nem honra

Gosto das águas que correm
E de sangue que pulsa nas veias

(Taciana Valença)

DAS CERTEZAS




Certeza liberta

Trazendo paz,

Felicidade boba

Certeza é vontade

De cobrir a vida desse amor 

Que se entende sem palavras


Certeza é leveza

De saber que estamos além

Desse mundo raso


Certeza é plenitude

Caridade abrangente

Que nem mesmo se acanha

Nesse mundo doente


Certeza é isso,

Esse vício de estar

Mesmo não estando

Dose dupla, trago forte

De viver amando


(Taciana Valença)

sexta-feira, 3 de junho de 2016

INTERIOR my life (4) Sertão de Pernambuco - Brasil. 02.06.2016 (por Renato Neves)




Encarceradas asas
D'um triste canto
Seguem botas e calças
Pra findar num canto

(Taciana Valença)

INTERIOR my life (5) Sertão de Pernambuco - Brasil. 03.06.2016 ( por Renato Neves)


























Sola vivida
Vívida
D'um contraste
Mas meu riso feliz
Esse sim
Não tem desgaste

(Taciana Valença)

AO MEU RIO (Taciana Valença)


Seguem os dias,
Independentemente de tudo,
Adormece Sol, 
Preguiçoso nas montanhas
Tempo de seguir,
Tempo de estar,
Poder chegar, 
Poder partir,
Talvez, talvez um dia eu esqueça
Das coisas que não quero lembrar,
Talvez, apenas talvez
Eu adormeça, sem ter por que chorar
Por quem sentir, por quem cuidar
Mas há um rio
Vermelho de paixão
Correndo intenso em minhas veias,
Q'escorre nas manhãs
Na ânsia de sorrisos e manhas
E afagos das alegrias
Mesmo que vãs;
É por esse rio que vivo,
Que espero, que me desespero
E aquieto-me;
Às vezes feliz
Algumas triste,
Mas brindando ao rio
Que corre e escorre
Quente e rubro
Mas que em mim resiste

(Taciana Valença)


EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)