domingo, 28 de abril de 2013

NINHO


Hora de aninhar-se, num tempo meu
Lá fora ventania, recitando alegrias
Sob o universo, que contempla
Humanidade tão óbvia, seguem sua marcha
Rumo ao destino
Desatino?
Será tudo uma aventura?
Cubro-me então, 
Afastando os devaneios
Volto ao ninho, escuro e solitário
D'uma nostalgia esdrúxula
Voltando páginas
Em preto e branco, puxo as cobertas
Observo a porta, entreaberta
Voltando ao meu casco
Adormeço, me desfaço...

(Taciana Valença)


sábado, 27 de abril de 2013


do cheiro....


E por falar em cheiro
A memória acode ligeiro
Lembrar do cheiro...
Cheiro de um momento
Cheiro do caminho
Cheiro da chuva no jasmim
Um cheiro que sempre vem
Cheiro gostoso
Trazendo lembranças
Café coado tomando a cozinha
Conversa de vizinha
Cheiro que segue na vida
Cheiro de mudanças
Ah, esse teu cheiro
Melhor lembrar ligeiro
Senão bate na saudade
Impregnada no cangote
Subindo pelo decote
Cheiro do desejo
Da vida são tantos
Em frascos lembranças
Cheiros sem tempo
Sem épocas
Sem distâncias

(Taciana Valença)


Gotas de Plenitude



E aqui a chuva cai
Pingos sobre as  folhas do Ficus
Essa vontade de abraçar o céu
Sentir o que vem do alto
O corpo molhado
Braços abertos ao mundo
Uma vida que explode
Em segundos
Lavando a alma
Permitindo o som da calma
O sorriso do nada
D'um inundante vazio
Que plenamente preenche
Gota após gota
Isso me é suficiente

(TACIANA VALENÇA)

terça-feira, 9 de abril de 2013

É sempre tempo


Sempre é tempo
De rever conceitos
Mudar seus hábitos
Repensar seus defeitos
Mudar a fechadura
Que de ferrugem já não abre
Ter jogo de cintura
Quanto às próprias verdades

(Taciana Valença)

UM ACENO


Uma dose de dor
D'antes doces rimas
Gestos dilapidam sentimentos

Foram-se os sorrisos
Tão costumeiros
Os pilares das emoções
Dias de canções...

Um aceno
Simbolizando a partida
Parida a penas duras
De lágrimas desencantos...

(Taciana Valença)

JANELA ENTREABERTA




Tempo que nos foge
Vazio corando a face
Lágrima que corre
No desenho da saudade
Que morre na boca 
Calando rouca
Pela janela entreaberta
Suspira vida

(Taciana Valença)

Foto: Taciana Valença

SINA


Apenas um dedo de prosa sob a janela
Onde o sol desconfiado
Insiste em ouvir

Umas contas
Uns acertos
Uns fuxicos ...

Conselhos de manivela...


Lá fora dois filhos uma mãe
Balde d'água na cabeça
Uma bênção 

Uma promessa pro fim da seca
Feita aos pés d'um morto gado
Pelo sol prejudicado

Na mesmice de sempre
Onde a sina sempre vence

Sofre bichos
Sofre terra, sofre gente
Um sofrer demente, dormente....

Tudinho de novo
Do mesmo jeito

Finda o dia, desolação...
Nas calçadas tudo sentado
Rostos tristes, nuvens que passam vazias...

Cachorro magro seguindo o dono
Fiel a um abandono
Chapéu de couro em rosto enrugado
Sempre o mesmo recado....

(Taciana Valença)

Imagem: Wilton de Souza

DESVIO DE RECADO




Desvio de recado

O que entristece é essa má vontade
A demora d'uma verdade
Um passo não dado
Um desvio de recado
O remédio errado
O peito apertado
Pela vontade de ir
Mesmo tendo ficado

(Taciana Valença)

TRISTEZA SUPREMA




Ah tristeza suprema...
Sobra-me em tanto
Que não cabes num triste poema

(Taciana Valença)

Foto: Taciana Valença (Entardecer sobre o Rio Capibaribe - Recife)

REVOADA




Ah pudesse acompanhar revoada em bando...
Outras bandas sobrevoando
Pousar olhares sobre o Universo
Peito aberto...
Nada perto, nada concreto
Esquinas carregadas no peito
Testemunhar um mundo sem jeito
Emocionar-me com o destino da humanidade
Sob tantos olhares covardes
Em revoada escolher melhor lugar
Pra não ferir nem machucar
Pra sorrir e pra chorar...

(Taciana Valença)

SENTIDOS




SENTIDOS

Porta escancarada
Um só dengo
Pacto madrugal
De ar campestre
...Gostinho de hortelã
Que enrubesce
...Olhar girando
Apenas teu sol
Girassol e beija-flor 
Enfrendo lobisomens
Rei e rainha
Bônus de vida
Arrazoando felicidade
Bastando uma verdade
Que não se prova
Que não se inventa
Mas que se vive
Na macia intensidade
D'um exorcismo manso
Invadindo
Extansiando
Eclodindo
Renascendo
Num mole descanso...

(Taciana Valença)

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Força Moinho


Ah se eu pudesse
Resguardar o caminho
Pós enxurradas
Gotas de mel
Sombras de ninhos
Cercas sob tinta amarela
Cheirando a canela...
Folhas secas apressadas
Pegadas na estrada
E do velho moinho
Guardar força
Virar a história
Sendo fim o princípio
Das minhas memórias
Ah se eu pudesse....

(Taciana Valença)


domingo, 7 de abril de 2013


Nada sei
sobre os riscos do céu
Dos clarões por trás
dessas nuvens obscuras
Pesadas
Anunciando temporal
Nada sei
Além de mim
Nem por trás do horizonte
Onde há caminhos sem fim
Nada sei
Senão de mim

(Taciana Valença)

sábado, 6 de abril de 2013

Imponência


Muros gastos
Sob sombras tuas
D'onde viste  passar as mãos
Da menina
De meias 3\4 e saia plissada
Olhava-te as palmas
Mãos dadas e risadas
Apressados passinhos
Num diário caminho
Menina que hoje passa
E nem te vê
Tão alta estais
Para a menina 
Que de tão ocupada
Nem mais anda pela calçada
Não olha pra cima
Nem vê quão altos
Estão os galhos
Pobre menina
Continua apressada
Pela vida passando
E nem mais te olhando

(Taciana Valença)

Escorrendo em mim...



Chuviscos apenas
Caíam teus, em meus ombros
Quentes, como lágrimas
Doces e tentadores
Palavras jorravam
Não mais chuviscos
Mas pingos de vontades
Seguidos, escorriam
Ombros, costas
Corpo...
E eu, já nem mais rosto
Sensações e arrepios
Sob tuas águas
Inquietas
Resisti
Mas eis que de ti
Já inundada...

(Taciana Valença)


ESCRITACI: SEM DISFARCES



É preciso assepsia da alma.... 
 muita calma 
 refazer esboços 
 Cortar pescoços
 Salvar a quem condena ... 
...Esmiuçar... 
 Sem ódio 
 Sem pena...

(Taciana Valença)

Para um homem especial!



Quisera esgotar em meu peito esse amor inesgotável. 
Que grita de saudade, que teima em magoar a ferida que não sara. 
Que dói tanto às vezes só em lembrar do seu rosto.
Quisera hoje esgotar no passado os beijos e abraços que se perderam nas horas findas.
Quisera esgotar todos os "te amo" que gostaria de ter dito, mas achava desnecessário.
Quisera hoje ter a oportunidade de dizer o quanto lhe entendi e o admirei.
Quisera hoje poder sentir seu abraço e poder dizer ao pé do seu ouvido: AMO VOCÊ.

(Taciana Valença) 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

TRAVESSIA

 
Hora da travessia
Medo, magia
Receio do desconhecido
Outro lado
Permitido?
Riscos podem ser caminhos
Como traços podem ser laços
Na dúvida
Há o instinto
O passo que fica
Pode ser extinto
Jogue-se
Além dos riscos...
 
(Taciana Valença)


HERMAN HESSE

"Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo." 

Herman Hesse

quinta-feira, 4 de abril de 2013

E NA VASTIDÃO DO QUE NÃO ERA PROSTROU-SE. (TACIANA VALENÇA)


Caminho de Areia








Sobre esses caminhos

Que me são areias...
Vida lambe os pés
Certas vontades de sereia
D'um canto liberdade

D'um lugar de verdade
Dança solta na água
Viajando pelas correntes
Mar de vida que se sente...


(Taciana Valença
 )


AO LONGE

De tão longe não escuto
Nem mesmo o orvalho q'estoura emoção
Um sussurro ou suspiro, abafando coração
Falas de amor ou súplicas de perdão
Pois não há vozes na saudade 
Nem para a espera
Haverá saguão

(Taciana Valença)


POR QUE NÃO HÁ SOLIDÃO QUANDO EXISTEM SENTIMENTOS...