domingo, 29 de junho de 2014

ESTRANHEZA


Se é para escolher
deixe-me encolhida
debaixo dos lençóis 
sob o travesseiro
onde guardo estranhezas
visões e sonhos
onde rompo mundos medonhos
e acarinho felicidades...
se é para escolher
deixe-me assim,
no meu vasto mundo,
vibrante, poético,
aterrorizante!

(Taciana Valença)

terça-feira, 17 de junho de 2014

ATÉ QUE A BANDA PASSE


Esperar a banda passar
Assim, sem pressa,
Sem expectativas -
Olhar da janela o fim da rua,
Onde qualquer novidade faça os olhos brilharem,
E que brilhem por pouco,
Sob fracas luzes,
Mas que iluminem teu olhar -
O olhar que busca além,
Que se comove com pouco,
Que sorrir quase que por nada,
Que chora comovido,
Ouve, muitas vezes, calado
Para não riscar de ódio o coraçao,
O olhar de compaixão,
Sim, é aquele que espera,
Espera a banda passar todos os dias,
E mesmo que não passe,
Que vê nas pedras simples  
Um chão de alegria e esperança


(Taciana Valença)

sábado, 14 de junho de 2014

VESTÍGIOS


Havia ternura e autenticidade
Por baixo daquela tinta gasta,
Na rosa dentro da garrafa, 
Na janela, entreaberta,
na toalha discreta,
E na quartinha;
Que sei, guarda almas,
Das goelas molhadas, 
Dos engasgos de sorrisos,
Ah... esses vestígios,
Teimam em corromper-me,
Invadem, cutucam e querem contar,
Contar as contas, os episódios,
Das gargalhadas, do comadrismo,
Dos ódios...ópios -
Tantos tolos segredos, 
Tantos fins num só enredo -
Conversas de calçada  
Das caras limpas e desarmadas
Dos pés na grama molhada,
De esconde-esconde nos becos -
Saias rodadas, rubros rostos
Levados a sério, 
pelos ventos de agosto -
Ah essa tinta gasta,
D'idos tempos que não bastaram
Guardados em resto,
na poeria sob o tapete, 
Nos rabiscos dos bilhetes -
No gelado doce daquele sorvete

(Taciana Valença)

terça-feira, 10 de junho de 2014

LUTO


A pior das perdas
É perder a si mesmo
Não há dor maior
Nem mais cruel peso

(Taciana Valença)

sábado, 7 de junho de 2014

HORA DE IR


É chegada a hora de ir
Juntar palavras
Ditas em vão,
Nm jargão -
Um tiroteio
de perdidas balas
Que não matam
Atingem, enfraquecem...
Esmorecem
É chegada a hora de ir,
Juntar as palavras 
Ditas em vão
Desrespeitar o coração

(Taciana Valença)



DESCRENTE


Peso sobre as costas
Lágrimas descrentes,
Perdem-se sob a chuva
Amigo que não crê
Vida que não se sente
Um olhar dormente
Uma palavra vazia
Jogada sem respeito
Na dúvida e seus efeitos
Solitário mundo turvo
Costas molhadas e frias
Coração encharcado e quente
Mundo doente

(Taciana Valença)



Por um descuido...

E se não há vida
É apenas coisa,
Coisa que se deixa de lado - 
Que usa-se, 
Como enfeite, como deleite;
Que fica lá, decorando
Pois não há nada que pulse
Muito menos que importe,
Então deixei-a morrer,
Acreditando sem vida
Sem sede,
Sem alma...
E assim deixei-a morrer,
A olhos vistos,
Num dia qualquer
Num vago perceber

(Taciana Valença)


EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)