Havia ternura e autenticidade
Por baixo daquela tinta gasta,
Na rosa dentro da garrafa,
Na janela, entreaberta,
na toalha discreta,
E na quartinha;
Que sei, guarda almas,
Das goelas molhadas,
Dos engasgos de sorrisos,
Ah... esses vestígios,
Teimam em corromper-me,
Invadem, cutucam e querem contar,
Contar as contas, os episódios,
Das gargalhadas, do comadrismo,
Dos ódios...ópios -
Tantos tolos segredos,
Tantos fins num só enredo -
Conversas de calçada
Das caras limpas e desarmadas
Dos pés na grama molhada,
De esconde-esconde nos becos -
Saias rodadas, rubros rostos
Levados a sério,
pelos ventos de agosto -
Ah essa tinta gasta,
D'idos tempos que não bastaram
Guardados em resto,
na poeria sob o tapete,
Nos rabiscos dos bilhetes -
No gelado doce daquele sorvete
(Taciana Valença)