quarta-feira, 16 de maio de 2018

PLENITUDE DO FIM




Deitou os versos em cova rasa
onde a alma volta a esmiuçar
cacos desmetrificados, despedaçados,
de poemas dantes perfeitos.

Uns inda se firmam
em raízes sofridas;
tantos se vão, nenhures,
se dissipam entre as nuvens.

Escapa o negro pó
entre os dedos,
qual sangue cremado
de pulso algemado.

Corpo jogado
sobre águas infiltradas
seios acesos
revestidos de lama, uma dama.

Tanto o que se acha,
vazios que se encaixam
na plenitude do fim
e do crer não mais ser.

Um rosto sorri
no céu do precipício,
das letras verdadeiras
de nomes fictícios.

(Taciana Valença)

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)