segunda-feira, 15 de março de 2021

TUA MÚSICA

 





A música chegou.
Levantou meu cabelo,
sentiu gosto,
sentiu cheiro.
Passou as mãos
em meus joelhos.
Até a brisa da praia
ela jogou em mim.
Descarada assim.
Degustei a letra,
em cada vogal
que me coube.
Assim, como chapéu.
Dizem dessas coisas
de carapuça.
Ahhh, como me coube.
Ahhh, como coube
em mim a tua música.
Taciana Valença

ETERNO VAZAR



Sucumbo, medo e fascínio,
porque já é tempo
de não sufocar.
Deito, estado liquefeito,
receio espalhar...
Derramo-me,
pés de cama, terra...
Penetro,
lava incandescente,
adentrando núcleo,
sem respirar.
Busco ponto, origem,
queimando n'um vagar.
Derreto-me por inteiro,
fogo, suor, braseiro...
Não acho canto, nem ponto,
nem mesmo pranto a aquietar.
- Não, aqui não me cabe,
jamais aqui me coube.
Sou um eterno vazar...
Taciana Valença

LIGA NÃO

 

Vou me afogar
nessas trufas,
de licor,
Whisky,
maracujá...
Morrer de rir
desta tua ruga,
só porque saí
para andar na chuva,
só porque deu vontade
de vagar.
Já disse, era um anel,
só um anel de pedra azul,
cor de mar, de céu,
tão dia, tão blue.
Liga não,
o que é um anel
neste carrossel
que me deixa tonta?
Anel blue,
trufas, má companhia,
tuas rugas coloridas.
Tá tudo tão confuso!
Não precisa lembrar,
da mesa mexicana,
da pimenta, mezcal.
Larva intacta, bandana.
Às vezes era verde,
vermelho paixão(o anel),
laranja, talvez.
Seria furta-cor? Tão eu...
Que viagem, hein?
Achou meu anel?
Taciana Valença

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)