domingo, 6 de fevereiro de 2022

Meu poema


 

Meu poema 

não tem soberba

nem requinte.

Só vai a lugares

que não precise

de convite.

Senta,

pede uma bebida qualquer,

fala com todo mundo.

Depois fica só,

mexendo o gelo 

do copo e pensando

na besteira que é viver.


Taciana Valença 


 

sábado, 5 de fevereiro de 2022

## INQUIETAÇÃO ##

 

É no vazio que a alma se espalha,

se contorce, se alonga, se aconchega, se encolhe.

Deixa-se não ser nada, sacode a toalha,

na inquietação de não se saber.


O que, exatamente, está acontecendo?

Quem tece esse emaranhado de fios

que nos cerca e nos prende?


E o olhar arde, a gente cansa

de ver, de entender o rebuliço

que permeia entre o vão do riso e choro.


Um fantasma assusta a alegria:

Boooooo! A gente acorda fria,

procurando o engodo que nos cobria.


Depostos dos falsos postos.

Piedade é apenas palavra solta,

num dicionário qualquer ou nas leis ditas de Deus.


O perdão fica por conta de Mateus,

porque aqui a coisa é diferente,

os sentimentos são frios, quase não se sente.


Aqui se mata gente, por preconceito,

por ser um pouco diferente do que

os hipócritas chamam de normais.


Há um ódio regado pelo medo de não ser.

Não se vê leveza nem nas pessoas que

um dia achamos conhecer.


Que mal é este

dos habitantes deste mundo?

Diga-me você.






quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

VAZIO


 E na tristeza do vazio destas teclas também me pergunto, amigo:

Pra onde foi todo mundo?

Tempo


 Aparo a destreza do tempo, 

cortando-lhe os galhos para que se abram em verdes, fartos  e novos caminhos. Viver exige a paciência e sensibilidade de um jardineiro.

Vendaval


 Vendaval


Raras contemplações.

Tênue linha a separar

brisa de vendaval.

Antes distante céu.


Sim, aquele azul 

onde não se pisa,

que não se alcança,

mas de admirável brilho.


Ousadia guardada 

sob véus dilemas.

Melhor não saber,

não entrar, não bater.


Mas eis que chega,

vozes e linhas que se doam

ao encantamento,

já não há vento, só vendaval.


Algo não se estabelece,

apenas cresce,

sem nem mesmo ter

onde se segurar.


Deixa-se ir, ornada

em canções perfumadas,

onde a alma se enverga

a beijar outra alma.

Só rascunho…

 


Sigo a vida

displicente

e ela me segue,

sigo o insta

gravemente

e a vida segue

com rompantes

meus instantes.


Sigo o dia, sigo a lua,

que flutua,

que me encolhe

e me acolhe

quando cresce,

mas me imponho,

sigo um sonho

que padece,

aquieto-me numa prece.


Sigo o único poeta 

que das letras 

faz a festa

e me afeta,

sou Sininho,

sou caminho 

sem as setas.


Ronaldo Rhusso / Taciana Valença 


Foto: Taciana Valença


EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)