terça-feira, 9 de abril de 2013

SINA


Apenas um dedo de prosa sob a janela
Onde o sol desconfiado
Insiste em ouvir

Umas contas
Uns acertos
Uns fuxicos ...

Conselhos de manivela...


Lá fora dois filhos uma mãe
Balde d'água na cabeça
Uma bênção 

Uma promessa pro fim da seca
Feita aos pés d'um morto gado
Pelo sol prejudicado

Na mesmice de sempre
Onde a sina sempre vence

Sofre bichos
Sofre terra, sofre gente
Um sofrer demente, dormente....

Tudinho de novo
Do mesmo jeito

Finda o dia, desolação...
Nas calçadas tudo sentado
Rostos tristes, nuvens que passam vazias...

Cachorro magro seguindo o dono
Fiel a um abandono
Chapéu de couro em rosto enrugado
Sempre o mesmo recado....

(Taciana Valença)

Imagem: Wilton de Souza

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)