quarta-feira, 27 de setembro de 2017

SINA


Se ele, nascido Pessoa,
Nunca será nada,
Compactuo apenas os sonhos
Entre verões e invernadas.
Incógnita, tal ele, 
Entre tantas janelas do mundo.
Catando as estrelas que restam em meu céu,
Comungando dias sem escarcéu,
Deixando rastros na areia
Dos caminhos meus,
Eu, que já nem sei nada, 
Com certezas encostadas ao pé do violão,
Sigo letra de velha canção...
Sim, sou antiquada, sempre um pé atrás,
Morando num tempo que não me cabe,
Rasgando os véus d'uma saudade -
Onde li poemas escondidos,
Escritos às pressas sob a pena
Das mãos suadas, escorregadias,
Como amores que nem mais são,
Entulhando o vão que não se preenche,
Feito rio que transborda enchentes
A rolar pedras que se despedaçam,
Sou coração em pó desfeito,
Enche, seca, morre no leito

(Taciana Valença)

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)