sexta-feira, 15 de junho de 2018

Na porta da vida



Fez morada debaixo do guarda-chuvas,
ficaria ali por horas no silêncio de si mesmo.
Alma se aquece em qualquer lugar,
sendo mistério a mistura desta quentura.

Por enquanto estava imune.
Observador das pessoas, detalhes da vida.
E quão vazias pareciam no vai e vem.
Pasto, chiqueiro, galinheiro, tudo igual.
Por qual das respostas clamava naquele dia?
O cheiro d'uma fornada próxima invadia suas narinas.
Um taxista parou, aleatoriamente, num achismo mecânico.
Dispensou com preguiçoso aceno.
Difícil aquietar-se no mundo,
mesmo em peregrinação solitária.
A vida em si solitária, enorme cela.
Tempos árduos de apreensão.
No fétido canal o mundo se esvai...
Coração cravado no peito em dor de leito.
Romantismo a rondar vida tão seca.
Bate o murmúrio das horas. E agora?
(Taciana Valença)

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)