sábado, 9 de fevereiro de 2019

ROCK BLUE


Olhou para a calça de veludo azul sobre a cama. Não ousou vestir (ainda não). Caberia o tanto a mais do que era? Caberia tanta ousadia na calça que fora usada tão "sem grilos"?
Riu-se da palavra cafona, tirada da boca escancarada da calça.
A batida da bateria ainda se fazia ouvir ao longe. Nem parecia tão longe, pois ainda sentia o cheiro dos cachos do cabelo dele, impregnado nas ventas da lembrança, balançando entre as batidas e que um dia fizeram seu coração quase parar, pelo tanto que disparou.
Novamente olhou para a calça, levando as costas da mão ao rosto.
Muito do que passou ficou...
Um gosto ácido lhe veio à boca. Guardou a calça com a alma rota.
(Taciana Valença)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui um comentário, é muito importante para mim. Obrigada.

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)