terça-feira, 24 de setembro de 2019

FALO OU NÃO?






Falo ou não?

Engulo o choro?

Silencio e calo?

Quem fala é o falo.


Bata! Revide!

Senão te bato!


Onde guardo minha fragilidade, 

meus medos, sem parecer covarde?


Quero gritar para o mundo,

mas calo, amontoando medos

e cobranças onde não falo.


Nos meus cuidados

esqueceram de mim,

e o calo dói em meu caminhar...


O que não falo 

quer apenas amar.


Não me cobrem tanto,

deixem que flua meu lado manso...


Não me elejam

para o que não fui eleito.



Que corram as águas em meu rio,

meu próprio leito...


Cortaram meu leite e deleite

tão cedo exigiram valentia,
vida doentia.


Deixem, enfim,

que amadureça o fruto em mim.


Não importando que esteja tarde,

pois meu corpo pede, a alma arde.


O que falo

não é do macho provedor,

mas do que chora e sente dor.


Falar?

Não falo,

engulo o choro, me calo,

pois assim me ensinaram.


Sua saia me faz sombra

sou bomba prestes a detonar.


Filho, que tu sintas o que não senti.

Que o afeto quebre o vidro do parir.



(Taciana Valença)

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)