Espreita, discreta.
Pernas cruzadas,
acomodada na cadeira.
Olhar soturno,
observando o rebuliço.
Recatada, invulgar perceber.
Vê desfilar diante de si
todo infortúnio e infâmia
de uma farsante vida.
Episódios em fascículos,
que nem mesmo merecem
encadernação.
É preciso um toque feérico
para que tudo se suporte,
e a felicidade , enfim, aporte.
Na fealdade do que observa,
drena o que há de fétido,
dopa-se, doses diárias.
Colírio alucinógeno
forçando brilho nos olhos,
e na passarela se vejam borboletas
onde ratos desfilam farsas e ódio.
Taciana Valença