terça-feira, 21 de abril de 2020

FORA DO CALENDÁRIO


Cuspi o poema amargo, mentiroso, desequilibrado.
Folha solta.
Pobre,
raso,
a se debater sem foco ou oxigênio.

Imperfeito, mutilado,
revolvendo-se em pesadelos.
Céu escurecido,
ausente desvelo.

Sonhos rasgados, muda voz.
Nada expressa, nada expressou.
Nem lágrima
nem dissabor.

Tonto, sem sentido ou libido.
Versos sem tesão, coração,
água ou pão.

Piso de cascalho donde a vista não compensa caminhada. Não há nada.
Poema chulo, perdido no calendário.

Modos presos,
teia mediocridade.
Garganta arranhada,
garras covardes.

Num escarro
volte ao chão!
Não há nem mesmo peito
onde uma lança se crave.
Sem salvação.


Taciana Valença
Foto: Taciana Valença

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)