sexta-feira, 24 de maio de 2013

A CONFIDENTE

Então eu a olho e ela parece me abraçar
Abraçar minha vida
Engolindo as janelas da minha casa
Sentada na mesa da cozinha
Posso ficar horas a encará-la
Sentindo que me questiona
Investiga-me
Chego a sentir o vento
Quando impacientemente suas folhas
Cobram-me respostas
Olho para a xícara de café
A esfriar sob os pensamentos
Enquanto ela espera
Sinto-me pequena
Imatura
Quem sabe uma farsa
Às vezes perdida
Rodeada de gente
E sozinha...
Eu, ela, o café, a cozinha...
É quando os pensamentos são únicos
Alguns um pouco viciados
Magoados
Destravo a tranca e espalho
Todos à minha frente
E ela balança
Parecendo contente
Mexo, investigo, choro
Um choro contigo
Amarro tudo então
Como uma trouxa
Um último olhar
E jogo tudo em seus galhos
Ela sente, retribui
Gargalho...

 
(Taciana Valença)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui um comentário, é muito importante para mim. Obrigada.

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)