quarta-feira, 11 de setembro de 2013

DOS MEDOS

 
E se me falares dos medos
Que teus mistérios rondam
Falarei das sandálias
 
Das amarradas tiras
Guardando rachados pés,
sobre solo severo
 
Da bíblia que ecoa,
em aturdido crente, ser descrente,
 
Das escadas, subindo ao nada,
 
Do vazio por do sol,
Q'esconde as vaidades,
 
Dos desencontros e desencantos
Atolados na lama,
Areia movediça...
 
Da vontade de jogar-se da pedra última
espatifando corpo n'água sedente de mim
 
Do rumo, que não se toma
nem se domina
 
Do aburguesar-se em mangas de camisa
Espumando esquisitos hábitos absolutistas
 
Da alma nua que invade a praia
Rumo à escuridão das profundezas....
 
Ah, se me falares dos teus medos
Poderei mostrar meu estranho ser
 
Sem configurações aceitáveis
Com rios de incertezas inabaláveis
 
Do abstraído ser,
Que nem mesmo é,
 continuando sendo
Até não mais ser...
 
(Taciana Valença)
 


Um comentário:

  1. Transforma-te nas corredeiras que descem abruptas e lançadeiras e creias que em água dolente há Sereia!

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)