AINDA É CEDO
Cedo ainda
Para acender as luzes;
Quero teto e chão
Mesmo que úmidos -
Comendo poeira
Deserto de areia
Escuridão sem risos
Suspiro enojado
Dessa desumanidade
Que lenta se afoga
Desesperança,
Lança que mata
Camadas de desalento
Tristezas empilhadas,
Roupas amarrotadas
Olhos de secas lágrimas
Essa covardia, que nem dorme, nem acorda
Haverá piedade?
Todos os frágeis ontens
Construindo o hoje
Esse desequilíbrio bastardo...
Algo em mim já nem é,
Nem mesmo se move
Atônita, ainda que viva
No casulo desse hoje que me intriga
(Taciana Valença)
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