sábado, 22 de junho de 2019

LEVANTES




Coração partido, confesso,
ver-te imóvel observar a janela,
seguindo a luz, última súplica.

Que fossem raízes num jardim,
não a dor ao colchão enraizada
em dias trancada, fome de brisa.

Armadura de aço com vista para o mar.
Existes, e por existires imponha luta!
Não definhes em pesadelos que se arrobustam.

Levantes, reajas, mande as ordens!
Nada se abate sem que se autorize,
não largues vida à própria sorte.

Bem sei dos fantasmas e medos,
das tristezas e segredos
do bélico mundo interior.

Lança-te ao vendaval firme e segura,
agarra-te aos troncos e galhos de toda sorte,
mas não te ofertes sem lutas à morte.


(Taciana Valença)

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)