sábado, 22 de junho de 2019

OUSADIA




Incrustada sobre as pedras
já não me emociono ou me comovo,
asas soltas de anjos entre bestas feras,
mundo de medonhos gritos que já nem ouço.

Partiram o pão, levaram os pedaços.
Riram da arte, do mundo fizeram deboche.
Desfeitos foram tantos sonhos e laços;
arregalo os olhos entre vazios fantoches.

Donde estará o grande poderoso?
Olho das pedras, sim, petrificada.
Qual será enfim o ápice do seu gozo?
Terra em chamas, abandonada?

E me olho no espelho,
no fartar de um breve existir,
peço ao Universo luz e conselho
carga maior de força no resistir.

Na palidez destes versos tristes,
regados a chá de pau e canela,
aborto este mundo que insiste,
preparando o próximo chá de panela.

Taciana Valença

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)