domingo, 2 de abril de 2017

ENSOPADA DE MIM


Torrencialmente

Ensopada de mim

Vivo extremos

Sem medo

Que me borre maquiagem

Ou mesmo desmanche os cabelos

Que na verdade adoro despenteados

Ou presos num coque displicente

Quanto mais eu melhor

Desligada sim

Ao que não me convence

Nem nunca convencerá

Superficialidades me cansam

Tanto quanto mal caratismos

Pessoas verdadeiras me fascinam

Da mesma forma

As que tem o que dizer

Pois encanto-me 

Com o que é encantável

Máscaras me enojam

Minha sensibilidade

Será sempre escudo

Por isso às vezes

Preciso apenas de mim

Assim, ensopada de mim mesma

Num delicioso dia de chuva

(Taciana Valença)

sexta-feira, 3 de março de 2017

DEIXEI



Saí deixando pelo caminho
nem sei mais quando
nem onde
nem por que
apenas deixei
deixei ir
como deve ser
como se deve deixar
deixar o verbo fluir
nas suas possibilidades
de exercer
sua função
de apenas deixar

(Taciana Valença)

sábado, 18 de fevereiro de 2017

SOB A NOITE




D'outro lado da noite
Devem estar as respostas, 
As lições, 
O bê-a-bá da vida,
Bem ali,
Escondidas,
Sob denso concreto,
Por não entender, durmo
Noite após noite,
Olhos assombrados
Tentando adivinhar
O quanto de mim 
Terei ainda que ser
Pra reaver meu mandato
Sem que flechas me  atinjam
Sem que sangre minha alma
Que já de tanto se esquiva
Sem respostas ou guarida
Morrendo nas palavras
Que sucumbem, do tanto,
Do nada...

(Taciana Valença)


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

SOBRE O TEMPO






Por que saber das horas
Se as palavras eram as certas
Se os olhos contemplavam
Quietos, fixos, sem fim
Se todo ali estava repleto de mim

Por que saber das horas
Quando nada importa mais
Além d'um momento que se eterniza

E está tudo certo,
Até mesmo a chuva
Molhando as asas dos pássaros,
Até mesmo o latido intermitente
De um cão carente

E está tudo certo,
Se tudo estava ali
Naquele momento
E era tudo o que importava

(Taciana Valença)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

FILTRO DOS SONHOS




Ando filtrando sonhos,
Afastando pesadelos,
Mais atenda às mensagens
Que a vida me dá;
Em pleno voo
A coruja avisou
Dentro de casa
Asas abertas,
Sábio vendaval -
Males presos aos fios ficarão,
Raios de sol dissolverão,
Lá no topo da montanha
Sou mais eu,
Sonhos meus
Vida minha,
Lá, onde morre o horizonte
Eu renasço,
Nas minhas possibilidades
Deixando ao sol
Todo mal
E as meias verdades

(Taciana Valença)

DESACERTOS D'UM CORAÇÃO



A gente ajeita,
Conserta, refaz,
Pinta o que há de castigado...

Trabalha dia e noite
Solto, apertado,
Triste como um fado

A gente ajeita,
Pinta de vermelho
Cantarolando de felicidade,
Cai pincel,
Tiram nossa escada

Mas a gente volta,
Enxuga a lágrima
Que cai na boca salgada
Põe mais uma escada
Volta a pintar de alegria
Nossos dias

Ah! Chato ser dono
De coração mole
Que se deixa emocionar
Quer mudar o mundo

Ah, mas a gente volta
Mesmo porque não tem jeito
É aqui que tudo se resolve
E se não resolver tá resolvido

Coração devia vir com refil
A gente mudava...
Estaria tudo certo,
Mas a vida é assim,
Cheia de desacertos
E coração não tem refil...

(Taciana Valença)


sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

ESTAÇÃO ERRADA


Habita em mim essa alma
Cigana atravessando vidas
Inquieta sob o corpo
Sobrecarga
Que por vezes
Num impulso
Quero atirar fora
Num ímpeto d'uma liberdade
De correr até o próximo trem
Na sensação
Absurda e pesada
De ter descido
Na estação errada

(Taciana Valença)

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

## diferença ##



O que faz a diferença na vida é o modo como carregamos aqueles que fazem e fizeram a diferença no mundo, no nosso dia a dia, no nosso aprendizado. São muitos livros, muitas poesias, muitos contos, que, do mesmo modo que as pessoas, marcam muito ou sequer serão lembrados algum dia.

Guardo no meu coração coisas lindas que já escutei na vida, coisas inteligentes que ouvi de pessoas que se tornaram eternas em mim, outras coisas se igualam aos péssimos livros, às péssimas poesias e péssimos contos, ou seja, nem sequer são lembrados e muito menos registrados na história da minha vida.

(Taciana Valença)

domingo, 18 de dezembro de 2016

CUMPLICIDADE



Nem posses
Nem poses,
Apenas mansidão
Vontade de ficar,
Olhar,
Morrer num tempo perdido
No calor de um instante
Onde se morre por segundos
Querendo viver horas a fio
Não é corpo
É essa vontade imensa
De carregar tua alma
Bem aqui, dentro de mim

(Taciana Valença)

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)