domingo, 20 de dezembro de 2015

CUIDA DO OVO (Taciana Valença) - Baseado no "OVO E A GALINHA" de Clarice Lispector

Toma!
Descasque
Quebre,
Admire-o,
Seja como for
Cuide
Pois é sonho
Sonho de galinha
Inatingível
Mas sonho
Que cacareja dia após dia
A fazer de conta
Que algo entende.
Entende?
Cuide dele como ela
A cuidar dentro
Esse invento   
Carrego de sangue
ovo,
Destino de galinha
Desatino de vida,
Sei não quem és
Nem a que veio
Vejo e admito
Vejo e omito
Serei eu?
Ovo cria?
Que se come
Que em si consome
Feito amor
Que dá bom dia e vai embora
Larga latas de cerveja
E vai dormir
Vai embora
Por aí afora
Buscar felicidade -
Pobre é o amor
Ovos estalando
e eu aqui
Nos meios
Consumindo o que me resta
Respiro enquanto viva
Entre o início e o fim

(Taciana Valença)

domingo, 18 de outubro de 2015

Passa com Vinho


Passa com vinho
Em festa se abriu,
Champanhe novidades,
Bocas e sorrisos,
Longa calda em verdades,
Olhos brilhos e brios -
Noiva de bolo
Passa com vinho -
Passa..passa...
Passou


(Taciana Valença)

sábado, 17 de outubro de 2015

Marcando a Linha de Risco


Dia de coxia,
Escuridão cotidiana
D'onde nada mais viria -
Um desejar tão pouco
Tão vazio,
Tão oco,
Porém de mim
Tanto a doar
Nenhuma espera
Ao fechar do dia,
E eu nem pedi mais nada,
Dada a ordem por encerrada
Mas me veio café,
Amigos e poesia
Numa Linha de Risco

(Taciana Valença)

Poesia feita no final do Lançamento do Livro Linha de Risco, dos poetas Frederico Spencer e Natanael Lima, na Cultura Nordestina.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

SOB O OLHAR DO POETA


Imenso apresentava-se o jardim,
Orvalhadas flores tímidas, não mais...
Lá fora, poeta distraído, 
Um tanto apressado,
Tímido lilás suado...
Foi então que sugado, fascinado,
D' encanto, simples assim
Contaminado...
Trêmulas as mãos correm ao bolso
Olhos desnudam o que veem, 
Focado, absorto
Detido ao primeiro plano
Registra então, imortaliza
Ferros d'um portão ignorados,
Segundo plano não são para poetas
Tão pouco grades,
Casas sem portas
Habitat de poetas...

(Taciana Valença)

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

ELUCIDADO



Presa em fina corda ao teto
Aguardava a revanche
Vez da hora de sanar tal euforia
Que ria, ria e ria  de si mesma
Num estardalhaço incômodo
Pelos cômodos incomodados de felicidade
Ah...que aguarde a hora da verdade!
Q'então livre e solta gargalharei
Pendurada em seu pescoço,
Roendo como a um osso,
Sentirá então o peso 
da Lucidez


(Taciana Valença)

DESAVISADOS


Sobre si
O manto da penumbra,
Céu nevoado -
Mundo pesado...
Muitas estradas,
Sem ter para onde ir 
Pesados dias curvam ombros
Mundo fechado
Aos desavisados

(Taciana Valença)


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

HORA DE PARTIR


Terra adubo se desfaz,
Sementes mentem -
Sem brotos...
Morrem asfixiadas
Num morno olhar sobre o jardim,
Agora em preto no branco - 
Secas lágrimas já sem prantos,
Nem mesmo valem um sei lá,
Até logo...
Felicidade vencida,
Segue o rumo; 
Esquece o jardim que não brota mais
Penso nos suspensos,
Subindo em toras de madeiras,
Ver o mundo lá da ribanceira,
Sim, isso é aventura
Ser riso colorido,
Frio na barriga,
Lá de cima as cores se misturam,
Um sopro de brisa
Onde algo jaz

(Taciana Valença)

domingo, 20 de setembro de 2015

NÃO FOI NADA









Suicidada.
Nada mais havia
Cortina trêmula,
Um pé atrás do dia -
Como aconteceu?
Cadê eu????????
Silêncio,
Paz -
Mundo parado...
Um quadro que se mexeu,
Pesados olhos
Teimosos,
Pálpebras coladas,
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh,
Entregue assim,
Ao nada -
Um louco grita,
Moço do cuscuz que apita -
Algo levita,
ôpa, não foi nada!

(Taciana Valença)




terça-feira, 15 de setembro de 2015

Repúdio




Repúdio,
Trancando portas,
Tapando fendas,
Vedando os olhos,
Fechando o coração

Repúdio,
Bloqueando a emoção

(Taciana Valença)

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

FELICIDADE A CONTRAGOSTO



Se prefere a dor
Prefiro descansar o ventre
No colo do teu coração
Prefiro deitar a boca
Nos lábios do que me é paixão
Deitar na grama suave
Sentir entardecer o dia

Se prefere a dor
Prefiro as flores,
Sorriso bobo
Leveza de ser apenas
Sem cobrar dos dias 
Mais que calma felicidade

Se prefere a dor,
Prefiro um sorvete,
Uma tapioca na esquina,
Um café de boteco, 
Correr feito menina;
Deixar a corrente me levar
Na vida desse grande mar

Se prefere a dor
Prefiro andar de bicicleta
Ver o suor escorrer no rosto
Encarar as paisagens 
Esquecer os desgostos
Tomar uma água de côco
E ser feliz a contragosto

(Taciana Valença)

EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)