Necessito lançar meus versos
em água corrente,
dessas águas de se carregar.
O vento se encarregará?...
Ah!..., bom seria deitar-me
ao colo de Deméter,
esperar então, a colheita da vida.
Ouvir a voz penetrante de Perséfone,
comer a romã das mãos submundas.
Entregar minhas necessidades para Anamke.
E que se faça sua vontade.
Em seguida ofertaria
à intelectualidade de Atena.
Acertaria as arestas, faria jus,
já que me dizem poeta.
E Artemis, me ensinaria a guerrear, inteligentemente;
sem antes filosofar espiritualmente com Héstia...
graduando o fogo que arde nos mares de mim.
Sinto o olhar sedutor de Afrodite,
Onde sucumbo e me amparo.
O vento traz um solfejar feminino:
uma canção atraente e sedutora;
talvez seja...Sim!...
Canto da Iara, prestes a afogar-me.
Não!... Não devo ouvir!...
Em qual latitude e longitude ímpar,
situa-se esta ilha que agora me encontro?
Oceano? Qual?
Perdi todas as coordenadas
neste maremoto de emoções.
Minha mente está à deriva...
Que amanhã, assim como Rá,
seja expulsa pela vulva de Nut.
Adentrarei todas as noites
em sua boca entreaberta.
E renascerei, todos os dias
que ainda me restam.
Taciana Valença
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