Não me conhecerás, nem mesmo em mil anos,
Resguardo sombras de mim que nem mesmo eu posso entender
No entanto posso saber quem és num único olhar
E fazer do meu coração aconchego para tua alma,
Sempre bem vinda, ou mesmo ignorar tua existência
Para o resto da minha vida...
Não, não sou má, apenas talvez, bem seletiva
E isso é tão natural em mim
Talvez essas montanhas de riscos que não me arrisco,
Façam parte dessas sombras, que não permitem
Que eu seja vista por inteiro, pois há coisas que eu sei
Mas que não cabe a mais ninguém saber
Às vezes conto firmemente com meu lado criança...
(que pode até parecer inocente),
Para sorrir da hipocrisia da humanidade,
Caso contrário excederá em mim um peso desnecessário
Sou tão intensa quanto tímida,
Há em mim curiosidades infantis e lágrimas senis,
Quantas lucidezes senti em meio a pessoas que parecem sempre embriagadas, mesmo sem bebida...
Como num filme, apenas observo, concluo,
E não tendo mais nada a fazer, relevo...
Pobres, espíritos pequenos, que se refastelam,
Lambuzam-se com pequenas misérias disfarçadas de diamantes
Talvez eu seja mesmo esse mistério,
Algo que nem mesmo decifro, mas o que importa?
Quem, em sã consciência tem a ousadia de dizer que pode decifrar algo
Numa vida que surgiu, ninguém sabe onde, quando e nem mesmo por que
Sou essa linha, contínua, com altos, baixos e sustos inevitáveis
Pesquisadora de olhares e condutas, que divertem e assustam
E nesse novelo todo fico imaginando, o que a humanidade busca,
Até onde quer chegar, nesse absolutismo cego,
Afastando o matagal da sensibilidade,
Abrindo caminhos a um mundo de concreto,
Onde suas próprias cabeças sentirão o impacto
Rachando, rachando, rachando.....
Sem volta, assisto os erros, dos falsos acertos!
(Taciana Valença)