domingo, 15 de dezembro de 2013

Sem lamentos...


Nem muros, nem lamentos
Nem mesmo onde encostar
Desarmar a rede, encher o cantil,
Correr então a mais de mil
Para que a vida não me pegue
E que eu nem mesmo chegue...

E se chegar, nem reconheça
O ser estranho que me habita
Sem tempo para perplexidades,
Guardo lampejos que num piscar -
Se foi, nem mais vejo...
Pois o abismo é sem fim
Repleto de loucuras de mim
Morrendo numa piegas sensatez -
Em breve estarei extinta
Sem casa para voltar,
Nem cama para dormir
Talvez durma longos anos
E nem mais veja o amanhecer
Pois derradeiros momentos
São todos que se vão -
Assim como a vida
Que não volta nunca mais...
Serei a estátua do enigma
Enigma de mim mesma
E no soprar o vento
Serei vapor, d'um calor que se foi,
E quando tudo parecer desarrumar-se
A esperança flutuará,
Soprando, arrumando lugar...
- quem sabe não amanheça,
Pois que dores não deveriam acordar
Bocejando ressacas de vida,
Dormiriam profundamente,
Para todo sempre, e acordaria
Apenas num sopro, de poesia
Quando o sol aparecer
Resmungarei perdas e vislumbrarei caminhos,
Sonhos, risos e ninhos,
A vida que fecunda é a mesma que mata,
Mas que também alivia -
Como canto de passarinho....

(Taciana Valença)

Um comentário:

  1. No Poema a descrição da vivência, esperança e a vida decorrida das manhas que ela propõe! Lindíssimo... Lugar comum eu ficar elogiando! Parabéns!

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)