quarta-feira, 14 de março de 2018

A VIDA DE TÊNIS





Os sonhos andavam em tropa (como dizia minha avó), saindo do colégio na Rua Dom Bosco para tomar sorvete na Fri Sabor da esquina. Sinceramente, o futuro não importava muito, o que importava era o sorvete de baunilha, chocolate e creme russo na banana split que substituía meu almoço para voltar para o colégio.
Trocava de roupa, ensaiava ginástica rítmica e, por não poder ficar muito tempo esperando, inventava de fazer atletismo. Sempre saía em cima da hora para o banho, chegando de cabelos molhados na aula onde havia começado o "profissionalizante" de administração.

Não sei porque cargas d'água eu achava que ia ser uma ótima administradora se na verdade piscina e quadras eram a minha vida.
Talvez influência do meu pai, já que nunca quis seguir odontologia, profissão que minha mãe deixou de exercer para cuidar dos filhos (isso influenciou?). Não me via debruçada sobre bocas abertas de hálitos duvidosos.
Enfim, era a juventude apoiada nos braços dos amigos, nas risadas, nas músicas dos anos 80, nas paqueras e paixonites, nos impulsos para a maturidade mesclados com meninices.
Ah! Se soubesse que passaria tão rápido, que aquela música cantada pelas cinco mais unidas amigas seria uma despedida de uma fase tão gostosa da vida. Ainda lembro da cena, as cinco sentadas na calçada do colégio no último dia de aula antes do vestibular. Puxamos então a música do Gonzaguinha: viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz...
E éramos tão jovens entrando na faculdade, engatando assim nas grandes responsabilidades: estágio, emprego e lá se foi metade desse cantar.
As gargalhadas foram ficando mais contidas, trocadas por cartões de ponto. E a gente foi indo...
A sorveteria continua lá, no mesmo lugar. Hoje dei uma volta ao passado, andei pelas ruas, lembrei das amigas, da nossa alegria constante achando que o mundo jamais teria fim.
Percebo agora que o fim nem está tão longe e que apesar de termos tanto a recordar, agora se faz mais do que urgente viver e não ter a vergonha de ser feliz.

(Taciana Valença)

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EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)