quarta-feira, 23 de outubro de 2013



Reluto, 
Recuso-me às trancas
Ao que se fecha, parte o peito
Fere, é flecha,
Entreabertas quero, 
todas as portas;
sentimentos vivos, 
permeando felicidade,
mudanças, andanças
Nuanças...
O gato na janela
O menino, a flanela,
O flagelo, o cachorro
O cordeiro, o lobo...
mendigo rico em poesia
esse lance que vicia
Porta aberta
Eterna seresta

(Taciana Valença)


terça-feira, 22 de outubro de 2013

BRINDE

 
Ao brilho, espontâneo e  distraído;
Com permissão do proibido,
Em nome d'uma alegria,
Do começo,
Que finda-se a cada dia:
Renascendo...
Eis nossas chances; tantas e tantas
E sabe o que mais?
Nada importa,
Só a porta na cara da hipocrisia,
  Vaiada em forma de poesia,
Pois eu sou pelo mais,
mesmo que menos pareça
Um brinde ao que se vai
E a tudo,
que jamais saberemos
Que nada em nós permaneça!
Tim Tim!
 
(Taciana Valença)
 

DE REPENTE...

 
 
E de repente, essa vontade de nem ser,
Não estar...; entre a janela e a vida lá fora
Uma vontade de ir embora, sem destino
Num desatino da fuga para o nada
Pego carona na vida que passa
Lá fora tudo parece mais bonito...

O vento, as folhas verdes se acariciando
Quero pousar meus sonhos em suas costas
Dormir quem sabe, nesse braço longo
Num abraço de vento, que abraça simplesmente
Sem questões, sem argumentos....
Num ir-se leve,
Sem lamentos.
 
(Taciana Valença)

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

SOL


É demasiada responsabilidade do sol

Justificar todo um tempo....

 

(Taciana Valença)

EMOÇÕES


Inútil tempo que se foi
Ah! Que crime esse meu pachorrento olhar,
Nem mesmo pôde acompanhar
O esvair-se do que não se sentiu
Noites na espinha em calafrios
Na oxidação do exposto ao tempo,
E ao relento...
Nesse vago vadiar da vida
Que instiga, 
Entre repúdios e sublimações
Um vale sem fim de emoções

(Taciana Valença)


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

AMARELA LIBERDADE


 
Por instantes, meus olhos a seguem

Passageira d'um voo livre
Sem destino, paradas tantas
Mente vazia nessa carona
Até onde a vista alcança,
Testemunha da liberdade amarela
Olhos sobre o mundo
Vadiar por segundos
Mas esses ponteiros,
Que não esperam
Num vagar cronometrado
Volto ao tempo que me espera
 
(Taciana Valença)
 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O que não se define...

 
se mergulhares no infinito,
descobrirás meus olhos
 contemplação serena
do que não se vê,
do que não se partilha
do que não se finda...
 e, atordoado sem explicações
peço que não fuja,
o infinito não se define
morre incrédulo
no maremoto de ilusões
 
(Taciana Valença)


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

NOITE


 
Em braços de solidão
Recosto a cabeça
Sob o peso da noite 
Purgo a retórica
Olhos se abrem
Ao que não vejo
Lampejos de vida
Em armas de desprezo
Serei infinito
Ao que nunca se chega
Rezo ao lampeiro dia
Fiapos de agonia
Viajo,
 a um mundo sem fim
Sem ida, nem volta
Sou pedaços de mim...
 
(Taciana Valença)
 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

DOS MEDOS

 
E se me falares dos medos
Que teus mistérios rondam
Falarei das sandálias
 
Das amarradas tiras
Guardando rachados pés,
sobre solo severo
 
Da bíblia que ecoa,
em aturdido crente, ser descrente,
 
Das escadas, subindo ao nada,
 
Do vazio por do sol,
Q'esconde as vaidades,
 
Dos desencontros e desencantos
Atolados na lama,
Areia movediça...
 
Da vontade de jogar-se da pedra última
espatifando corpo n'água sedente de mim
 
Do rumo, que não se toma
nem se domina
 
Do aburguesar-se em mangas de camisa
Espumando esquisitos hábitos absolutistas
 
Da alma nua que invade a praia
Rumo à escuridão das profundezas....
 
Ah, se me falares dos teus medos
Poderei mostrar meu estranho ser
 
Sem configurações aceitáveis
Com rios de incertezas inabaláveis
 
Do abstraído ser,
Que nem mesmo é,
 continuando sendo
Até não mais ser...
 
(Taciana Valença)
 


sábado, 7 de setembro de 2013

Lençol de Vidro

 
Nas mãos a vida
Esculpindo vontades
Brigando  verdades
Soletrando  eternidade
Poucas sejam talvez
As habilidades
Traços indefinidos
Finalizações sem sentido
Atalhos caminhos
Gostos reprimidos
Deitar o corpo
Sonhar em esconderijo
Em sendo  quem sou,
Lençol de vidro
 
(Taciana Valença)
 
 


domingo, 1 de setembro de 2013

CARTAS

Tantas foram as cartas...
Com cheiros, com rosas, com emoções
Quem sabe até com gosto
Gosto de boca, de beijo, de carinho
Cada palavra que saber escrita, perturbava
A caligrafia mudava visivelmente
Bastava que algo abalasse
Sentia-se nas linhas
A raiva, o ciúme, a felicidade
A verdade, a tristeza, a saudade...
Frases fazendo graça
Zombavam do tempo
Onde o amor impera, selos e selos
Colas, colando sentimentos
O ir e vir, papéis floridos
Paixão, amor
Volúpia, cumplicidade
Vez por outra lágrimas,
Borrando tintas...
Confidências, carências
Corações fiéis,
Todo um mundo,
Terminado em um segundo!

(Taciana Valença)



EU MORO NUM VERSO (TACIANA VALENÇA)